Câncer de mama, efeitos colaterais e a qualidade de vida pós-tratamento

Por Bruna Bonaccorsi

A estimativa de incidência do câncer de mama no Brasil, publicada pelo INCA em 2020, é de 66.280 novos casos da neoplasia. A maioria será diagnosticada em estádios intermediários, o que pode implicar em um longo período de tratamento incluindo cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia, nos casos indicados.

Assim como em outras neoplasias, as pacientes com câncer de mama estão vivendo mais, o que pode significar um longo período de sobrevida lidando com os efeitos colaterais do tratamento.

“Até quanto tempo após o término do tratamento oncológico ainda posso esperar os efeitos colaterais dele?”

Essa é uma pergunta recorrente no consultório, seja na consulta de alta ou nas consultas de retorno. Cada pessoa tem um curso diferente de recuperação e não há um tempo exato para que o processo perdure.

Muitas pacientes ainda estão lidando com seus efeitos meses ou anos após o término do tratamento oncológico. As mulheres estão, na maioria das vezes, preparadas para lidar com todo o processo de tratamento, mas nem sempre estão preparadas para o que vem após. Normalmente, elas esperam que os sintomas desagradáveis do tratamento passem assim que ele terminar, mas isso não acontece.

E quando acaba tudo? Como fica a qualidade de vida?

O termo “qualidade de vida” descreve um conjunto de fatores que incluem saúde física e mental, habilidade em desempenhar atividades diárias, englobando função sexual e outros efeitos do tratamento ou sintomas do câncer, e também questões não relacionadas à saúde, como a toxicidade financeira decorrente do tratamento.

Embora a maioria das sobreviventes de câncer de mama reportem uma boa qualidade de vida, podem haver alguns efeitos adversos de longo prazo, trazendo grande morbidade física e mental para as pacientes. Fadiga, distúrbio do sono, infertilidade, perda de libido, linfedema, neurotoxicidade da quimioterapia em mãos e pés que dificultam o dia a dia, dificuldade de relacionamento com o cônjuge, questões relacionadas a auto-estima, dificuldade de concentração e medo da recidiva, são os mais citados no consultório.

Após cinco anos, em média, os valores retornam ao normal para quase todas as funções e sintomas. Entretanto, alguns estudos apontam que mesmo após 5 anos, quase 40% das pacientes relatam moderados distúrbios de sono. Somado a isso, 24% das sobreviventes ainda são afetadas pela fadiga. De todos os sintomas, a fadiga foi o que teve o maior impacto na qualidade de vida.

Orientação médica

Informar à paciente o que se esperar faz toda diferença. Reduz a ansiedade e as deixa preparadas para o possível longo período de recuperação, entre outros obstáculos inerentes a eles.

A prática de atividade física é essencial. Ajuda a melhorar o humor, a fadiga, o bem estar social. Uma rede de apoio também contribui para a qualidade de vida. Algumas pacientes acham de grande valia manter um diário, anotando quando o processo parece ser mais difícil e ajudando-as a planejar melhor essas ocasiões.

Manejar as expectativas, diminuir o stress e a pressão sobre si mesmas é essencial enquanto se recupera durante o processo.


*Bruna Bonaccorsi é médica, formada pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, com Residência Médica em Radio-oncologia no Instituto Nacional do Câncer (INCA, Rio de Janeiro) e Diretora Clinica do Instituto de Radioterapia São Francisco.

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