Educação Médica: a chave para integrar os canabinoides
Por Juliana Bogado
O avanço da medicina é um reflexo direto do conhecimento e da capacidade dos profissionais de adaptarem-se às novas descobertas. Nos últimos anos, o canabidiol despontou como uma alternativa terapêutica promissora para o tratamento de diversas condições médicas, incluindo dor crônica, epilepsia e transtornos do desenvolvimento. No entanto, a incorporação dessa substância à prática clínica enfrenta desafios significativos, sendo a formação dos profissionais de saúde o mais urgente deles.
Durante minha trajetória nesses 10 anos de experiência clínica com Canabinoides, percebi uma lacuna preocupante nos currículos acadêmicos: a ausência de conteúdos sobre o sistema endocanabinoide e seu potencial terapêutico. Essa deficiência educacional impede que muitos médicos se sintam preparados para prescrever o CBD de forma segura e eficaz, deixando pacientes sem acesso a tratamentos que poderiam melhorar significativamente sua qualidade de vida.
Desmistificando o uso do canabidiol
O desconhecimento é um dos principais responsáveis pelo preconceito em torno da medicina canabinoide. Muitos profissionais, por falta de formação, hesitam em discutir o tema com seus pacientes, perpetuando mitos e limitando opções terapêuticas. A educação médica pode romper essas barreiras ao fornecer uma base sólida sobre os mecanismos biológicos dos canabinoides e sua aplicação clínica.
Uma abordagem educacional eficaz deve incluir, por exemplo, o estudo do sistema endocanabinoide, que é essencial para compreender como o CBD interage com o organismo humano; a interpretação de estudos clínicos, para avaliar evidências científicas e aplicar os conhecimentos de forma prática; o treinamento sobre dosagem e monitoramento, já que a eficácia do tratamento com CBD depende de uma dosagem individualizada, que deve ser ajustada conforme a resposta do paciente.
Um profissional bem preparado é capaz de definir a dosagem adequada, monitorar os efeitos colaterais, como sonolência ou alterações gastrointestinais, e ajustar o tratamento conforme necessário. Essa expertise é fundamental para garantir que o CBD seja utilizado de forma segura e eficiente.
Um futuro promissor
Estamos apenas no começo de algo que promete revolucionar a medicina. No Brasil, a integração do CBD na prática clínica depende da formação de profissionais com mentes abertas e curiosas, capazes de explorar novas possibilidades. Isso exige esforços tanto da academia quanto da sociedade, que deve cobrar um sistema de saúde mais inclusivo e inovador.
A canabidiologia é mais do que uma alternativa terapêutica, é uma fonte de esperança para pacientes que buscam qualidade de vida. Como médica, acredito que é nosso dever transformar essa esperança em realidade por meio da educação e do preparo adequado. Só assim conseguiremos superar os preconceitos e oferecer um cuidado que realmente atenda às necessidades de cada paciente. Investir na formação médica é investir em um futuro onde os canabinoides sejam mais do que uma promessa; sejam uma prática consolidada e segura.
*Juliana Bogado é Diretora Geral e Cofundadora da EndoPure Academy.