MCTI quer que o país se torne autossuficiente na produção de IFA
Recentemente aconteceu a primeira reunião da Rede Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Insumos Farmacêuticos (Rede Pró-IFA). Criada em novembro de 2022, o objetivo da rede é fortalecer os grupos de pesquisas, e, de forma indireta, a indústria farmoquímica nacional, além de proporcionar um ambiente para compartilhar infraestruturas para o desenvolvimento de IFAs, princípio ativo de um medicamento.
No primeiro encontro da rede, a secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcia Barbosa, reafirmou o objetivo da pasta em relação ao desenvolvimento de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) para garantir a autossuficiência do Brasil e evitar que o país continue dependente de outros países. Ela ressaltou que a estratégia de tornar o Brasil autossuficiente na área da saúde é uma questão de soberania nacional.
Na década de 1980, o Brasil produzia aproximadamente 50% do IFA, sendo que hoje em dia esse percentual caiu para 5%, de acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (ABIQUIFI). A situação da Indústria Brasileira Farmacêutica começou a mudar na década de 1990 por conta da abertura comercial. Como se tornou mais barato importar do que produzir os próprios medicamentos e insumos, o país acabou sofrendo uma desestimulação na produção de farmoquímicos locais.
“O Brasil precisa produzir no mínimo 20% do IFA que consome, e para conseguir tal feito, é necessário um investimento de R$ 1 bilhão nos próximos dez anos”, afirma Norberto Prestes, presidente da ABIQUIFI. Apesar de ser um problema que o país enfrenta desde os anos 90, foi por conta da pandemia da Covid-19 que ficou ainda mais evidente a necessidade de se investir na produção local de IFA.
“Nós estamos no ranking das dez maiores indústrias farmacêuticas do mundo, e mesmo assim, estamos reféns de preços externos e importações de insumos. Importar de fato é algo interessante por conta do baixo custo, mas nós não podemos aceitar ser um país sem capacidade tecnológica e despreparado para enfrentar uma situação como a pandemia que nós vivenciamos recentemente”, pontua Prestes.
Atualmente a China e a Índia são os maiores fornecedores de IFA para o Brasil. Para conseguir reverter esse cenário e colocar o Brasil em destaque como um grande player na fabricação de insumos farmacêuticos, será necessário um esforço conjunto do governo e da iniciativa privada. “Precisamos garantir medidas de incentivo à pesquisa, novas vacinas e medicamentos para conseguirmos lidar com situações como a pandemia e não dependermos sempre de outros países, pois caso a situação não mude, vamos continuar sofrendo com a falta de medicamentos nas farmácias de tempos em tempos”, finaliza Prestes.