Brasil ocupa 25ª posição no ranking mundial de pesquisas clínicas

Quando falamos de inovação na saúde e pesquisa clínica, o cenário do Brasil não é muito bom. Mesmo com diversos indicadores que apontariam o Brasil na direção do protagonismo global, considerando que o país é a 9ª maior economia do mundo, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), dentre 169 países, o Brasil ocupa a 66ª posição no ranking mundial de inovação. O País ainda tem representado um papel secundário em termos de quantidade de pesquisas, ocupando a 25ª colocação no ranking global. É o que aponta o Guia 2020 da Interfarma, Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, com o balanço do ano de 2019 no mercado farmacêutico.

“O momento de Pandemia reforçou a importância da pesquisa clínica. Estima-se que o Brasil tenha potencial para, atualmente, passar para a 10ª no ranking mundial de pesquisa clínica. Caso isso ocorra, é calculado que o País tenha um ganho anual de R $2 bilhões em investimentos e beneficie mais de 55 mil pacientes, entre outras melhorias. Essa capacidade se dará via uma mudança do cenário político e regulatório. Por isso trabalhamos muito junto a ANVISA e ao Congresso Nacional, para mudar o contexto atual”, explica Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Interfarma.

Um dos fatores determinantes para esta queda foi a piora na avaliação de ações que estimulam a inovação aqui, como o incentivo à pesquisa. Na economia moderna, investimentos realizados em pesquisa e desenvolvimento (P&D) pelos setores privado ou público são uma forma de mensurar o potencial de um país. Quanto mais o Estado incentiva a produção de inovação e a descoberta de novos conhecimentos, mais atrativo o país se torna para receber investimentos. Maior desenvolvimento do país, melhores condições à população.

O desempenho do Brasil ainda é tímido nas participações de estudos clínicos. Dos 3.170 estudos clínicos iniciados em 2019 na área de Oncologia, o País participa de 68, ou seja, 2,1% do total global (mesma participação que tinha em 2014). Em Sistema Nervoso Central, os números são ainda menores: participação de 1,0% do total global, com uma perda de 0,7 ponto percentual na comparação com 2014.

Em média, um medicamento pode levar cerca de 10 anos entre o início dos estudos em laboratório e o seu lançamento. Isso porque passam por quatro fases de estudos antes do lançamento. São feitos testes em laboratório, seguidos por três fases de pesquisa clínica com pacientes voluntários, para investigar eficácia e segurança do tratamento. Mesmo depois de lançados, os estudos não param.

Diferente da pesquisa clínica, que possui um ambiente controlado para testes em pacientes, o estudo pós-lançamento reúne os chamados “dados da vida real”, coletados a partir do uso previsto e aprovado ao medicamento. Isso confirma e aperfeiçoa as suas indicações e cuidados para o uso adequado.

Por isso o lançamento de uma vacina para a Covid-19 em tão pouco tempo é tão surpreendente e pioneiro. Todos os esforços da indústria farmacêutica foram concentrados no mesmo desafio: descobrir um tratamento eficaz ainda em 2020.

Atualmente, o maior volume de gastos com medicamentos comercializados no Brasil é referente a produtos com mais de 11 anos de presença no mercado nacional. A demora na atualização do mercado significa que o paciente brasileiro está sem acesso às maiores inovações em saúde disponíveis em outros países. São tratamentos que poderiam dar mais qualidade de vida ou até mesmo curar doenças. Portanto, apesar de todo o potencial do país, estamos ainda na contramão do mercado global, pois o volume de pesquisas clínicas e de lançamentos de novos tratamentos tem crescido mundialmente, mas não na mesma velocidade aqui no Brasil.

O déficit na balança comercial de medicamentos no Brasil tem registrado constante aumento nos últimos anos, chegando a mais de R $6 bilhões em 2019. Uma das principais medidas para reverter este cenário seria a criação de um ambiente favorável à pesquisa clínica, com celeridade para avaliação de pedidos de estudos, integração entre governos, universidades e iniciativa privada, fomento à inovação e ao empreendedorismo. A pesquisa científica no setor farmacêutico resulta em tratamentos inovadores aos pacientes, conhecimento aos profissionais de saúde e investimentos ao país.

Na economia, o mercado farmacêutico brasileiro, que engloba as vendas de todos os laboratórios instalados no Brasil, chegou a R$102,8 bilhões em 2019. O valor representa um crescimento de 11,4% em comparação ao ano anterior. O aumento mais significativo ocorreu no chamado mercado institucional, formado por governos, clínicas e hospitais, que corresponde ao valor de R $33,7 bilhões. Já o varejo farmacêutico, em que 75% das compras são realizadas pelo público final, respondeu por R $69 bilhões das vendas em 2019. Seu aumento foi de 53% nos últimos quatro anos. Essa alta se justifica por várias razões, entre o envelhecimento da população e a oferta de novos tratamentos.

Quanto ao acesso a tratamentos por meio de planos de saúde, a alta foi de 96,9% entre 2015 e 2019, chegando a R$13 bilhões no último ano. Já as compras públicas de medicamentos registraram crescimento de 31,4% no mesmo período.

As empresas associadas à Interfarma respondem por pelo menos metade do mercado farmacêutico nacional há mais de 10 anos. De 2005 a 2018, o percentual médio de participação da Interfarma foi de 53%, segundo o faturamento captado pelos relatórios de comercialização da indústria farmacêutica. “Essa representatividade é significativa porque o governo é o maior comprador de medicamentos de referência (inovadores ou originais), pois a categoria oferece soluções de tratamentos mais modernas e, consequentemente, maiores benefícios aos pacientes brasileiros”, diz Elizabeth.

Para saber mais e consultar o guia 2020 completo, acesse: https://bit.ly/Guia2020Interfarma

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