Brasil se destaca em índices de ansiedade e depressão
A Ipsos, empresa em pesquisa de mercado e opinião pública, lança o estudo “Calendário da Saúde”, pesquisa que monitorará, no decorrer dos próximos meses, a opinião pública dos brasileiros sobre questões de saúde atreladas ao calendário oficial de ações do Ministério da Saúde. A primeira onda da pesquisa é focada no Setembro Amarelo. Foram ouvidos médicos de diversas especialidades e mais de 1.000 pessoas da população brasileira, de diferentes regiões e classes sociais. Os dados revelam um cenário preocupante: a prevalência de transtornos mentais como ansiedade e depressão e a necessidade urgente de maior atenção a esse tema.
O estudo também buscou aprofundar o entendimento sobre o impacto dos transtornos psíquicos na prática clínica, especialmente a relação entre suicídio e doenças não diagnosticadas ou tratadas. A iniciativa visa fomentar informações sobre a campanha ‘Setembro Amarelo’, levando em consideração o ponto de vista de atores comuns nas pesquisas de healthcare, como médicos e população, contribuindo dessa forma para uma maior conscientização e redução do estigma associado à saúde mental.
Os resultados da pesquisa da Ipsos reforçam a necessidade de intensificar as ações de prevenção e tratamento dos transtornos mentais. É preciso investir em políticas públicas que garantam o acesso a serviços de saúde mental de qualidade, além de combater a estigmatização e incentivar a busca por ajuda profissional.
Conscientização crescente entre a população
O estudo revelou que 45% dos entrevistados mencionaram sofrer de ansiedade, com uma maior prevalência entre mulheres (55%) e jovens de 18 a 24 anos (65%). Já os que afirmam ter depressão entre os entrevistados somam 19%, sendo novamente a porcentagem de mulheres (24%) maior que a dos homens (13%).
O conhecimento sobre campanhas de saúde também foi um tema questionado aos participantes da pesquisa. O “Setembro Amarelo” é, atualmente, a terceira campanha de saúde mais conhecida pela população brasileira (73%), mostrando que as iniciativas promovidas desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) já são bem assimiladas pela população.
“Vemos que o Brasil segue se destacando em incidência de problemas relacionados à saúde mental. Em outros monitoramentos realizados pela Ipsos, o país costuma liderar no tema da ansiedade e estar entre os mais altos índices na autodeclaração de depressão quando comparados com outros países. Nesta pesquisa, identificamos que Setembro Amarelo é a terceira maior campanha de saúde destacada pelas pessoas, reforçando que a visibilidade da campanha mostra a importância em continuar a promover o diálogo aberto sobre saúde mental para combater o estigma e garantir que todos tenham acesso ao diagnóstico e tratamento adequados”, explica Amanda Sousa, Gerente de pesquisas de saúde na Ipsos.
Doenças mentais e seus efeitos na prática médica
Os resultados da pesquisa indicam que os transtornos mentais mais comuns entre os pacientes atendidos pelos psiquiatras são ansiedade (100%), depressão (100%), transtorno bipolar (70%), TDAH (63%), TOC (30%), esquizofrenia (23%) e TEPT (23%). Além disso, 93% dos psiquiatras entrevistados afirmaram que esses transtornos impactam fortemente a qualidade de vida dos pacientes, pontuando entre 8 e 10 em uma escala de impacto de 1 a 10.
Entre os desafios mais citados pelos psiquiatras estão a falta de adesão dos pacientes aos planos de tratamento, o preconceito e a desinformação sobre saúde mental, a gestão de casos complexos, a sobrecarga de trabalho e o esgotamento profissional, além de questões legais e éticas na prática psiquiátrica.
Impacto da saúde mental no tratamento oncológico e outras especialidades
A pesquisa também revelou que saúde mental é uma temática cada vez mais multidisciplinar com impacto importante no tratamento de pacientes oncológicos, por exemplo. Mais de 53% dos oncologistas entrevistados indicaram que problemas de saúde mental são muito comuns entre seus pacientes, e 81% destacaram que esses transtornos impactam significativamente o sucesso do tratamento. Apesar disso, apenas 56% dos profissionais afirmam ser uma prática comum o encaminhamento dos pacientes oncológicos para serviços especializados em doenças mentais para realizarem um acompanhamento conjunto, mostrando uma necessidade de suporte à saúde mental como um aspecto complementar ao tratamento oncológico.
Nas demais especialidades clínicas, como dermatologia, cardiologia e endocrinologia, o cenário não é diferente. Cerca de 55% dos médicos afirmaram que os problemas de saúde mental são muito comuns entre seus pacientes, e 89% reconheceram o impacto significativo dessas condições no tratamento. No entanto, o gap dos especialistas que encaminham os pacientes para realizar um tratamento psíquico paralelo ao de sua especialidade é ainda maior: apenas 48% mencionam que está é uma prática comum.
A Ipsos reforça seu compromisso em apoiar a saúde mental no Brasil, utilizando sua expertise em pesquisas para informar e educar a população sobre a importância do cuidado com a mente. A empresa acredita que aumentar a conscientização é um passo essencial para enfrentar os desafios que a saúde mental representa na sociedade atual.