Pesquisadores da PUC-PR e UFCSPA recebem bolsa da startup Comsentimento
A Comsentimento anunciou os dois primeiros integrantes do AI Saves Lives, seu programa de bolsas de estudos para mestrandos e doutorandos com pesquisas nas áreas relacionadas à inteligência artificial, mas que também desejam desenvolver suas habilidades e competências no setor da saúde. A empresa, que atua com o recrutamento de voluntários para pesquisas clínicas, é a primeira do Brasil a oferecer um programa de incentivo à pesquisa científica e assumirá o papel de co-orientadora dos novos bolsistas.
Graduada em Engenharia da Computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e engenheira de Machine Learning no Nubank, Isabela Araújo é uma das participantes do programa com seu projeto de pesquisa de Mestrado, realizado na PUC-Paraná, com foco em Processamento de Linguagem Natural. O segundo selecionado é Rafael Malanga, graduado em Física Médica pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), e que está concluindo seu mestrado utilizando técnicas de Machine Learning em dados médicos não-estruturados na mesma universidade.
“Ambos foram alocados em um grande projeto de pesquisa que visa aplicar Large Language Models generativos (e.g., GPT) para a área de saúde. A Isabela tem um background de computação com participações em projetos de P&D, além de grande conhecimento em técnicas de NLP e Machine Learning, e uma enorme vontade de aplicar este conhecimento para ajudar as pessoas na área da saúde” detalha Lucas Oliveira, co-fundador e Head de IA da Comsentimento.
“E o Rafael é um Físico-Médico que está concluindo seu mestrado utilizando técnicas de Machine Learning aplicadas à área da saúde. Sua paixão pelos temas de Oncologia, especialidade da Comsentimento, fez com que ele se encantasse com o programa. Acredito que seja um começo perfeito para essa iniciativa”, completa.
Com os dois integrantes, a startup espera financiar mais oito bolsistas, ainda esse ano, com subsídios mensais que podem chegar até R$ 9 mil. Variáveis de acordo com cada edital, os critérios e exigências para os pesquisadores do programa terão sempre foco nas áreas de IA, processamento de linguagem natural (NLP) e análise de dados que visam o desenvolvimento de soluções para problemas concretos existentes no setor da saúde.
Além disso, habilidade em comunicação, proatividade e capacidade de trabalho em equipe serão levados em consideração, somados ao mérito acadêmico e volume de publicações. Nessa experiência, além de manter proximidade com uma equipe capacitada e com disponibilidade de recursos, os profissionais que tiverem um bom desempenho terão a oportunidade de dar continuidade ao trabalho com a equipe da startup.
“O AI Saves Lives irá desempenhar um papel fundamental, com recursos e apoio financeiro para a criação de novos pesquisadores. Mas, para podermos ser competitivos diante de players internacionais, precisamos de profissionais altamente qualificados e que estejam buscando conhecimento de fronteira, pois a saúde é uma área muito complexa e cheia de particularidades, como o extenso uso de abreviações”, pontua o executivo.
Cenário de pesquisas no Brasil
As perdas com cortes orçamentários em fomento à pesquisa científica e tecnológica de 2015 a 2021 chegaram a R$ 83 bilhões, segundo o Observatório do Conhecimento, rede formada por associações e sindicatos de professores de universidades que se mobilizam para enfrentar os cortes de investimentos no ensino superior. Em fevereiro, o Governo Federal anunciou o plano de reajustes das bolsas de estudo, pesquisa e formação de professores com percentuais de correção que variam de 25% a 200%, e recomposição no número de bolsas oferecidas, passando de 48,7 mil, em 2022, para 53,6 mil neste ano, na intenção de mudar o cenário.
Entretanto, o caminho ainda é longo. Segundo o levantamento, em 2014, o investimento em pesquisa foi de R$ 27,8 bilhões, já em 2021, era de R$ 10,5 bilhões, ou seja, 38% do total previsto para 2014. O Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, também registrou perdas de 49,7% no valor orçamentário. Já a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação, acumulou um corte de 42,6% entre 2014 e 2021.
“Nós buscamos sempre promover a compreensão e valorização da ciência como um meio de solucionar problemas e melhorar a vida das pessoas, e o programa atua nesse sentido, permitindo que os pesquisadores continuem a desenvolver seus estudos com qualidade e deem retorno para sociedade. Iniciativas educacionais, divulgação científica e de engajamento com a comunidade são os caminhos para a pesquisa e avanço da ciência no Brasil”, finaliza Oliveira.