FMUSP: biorrepositório inédito dedicado à síndrome de Down
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) iniciou os procedimentos clínicos e a coleta de amostras do Biorrepositório de Síndrome de Down, o primeiro destinado ao estudo da condição no Brasil. Coordenado pelo professor titular de Psiquiatria da FMUSP, Orestes Forlenza, o projeto de pesquisa multicêntrico integra a Rede BURITI-SD (Brazilian Uplift for Research & Innovation for Trisomic Individuals) e será voltado à preservação de amostras de sangue periférico e dados clínicos de pessoas com a síndrome, de todas as idades e regiões geográficas do país.
O Biorrepositório de Síndrome de Down foi aprovado pelo Comitê de Ética da FMUSP e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), com a perspectiva de ser um acervo aberto à colaboração de pesquisadores de todo o Brasil e do exterior. A iniciativa recebeu investimento de R$ 14 milhões, provenientes de recursos governamentais (MCTI/CNPq) e da sociedade civil, por meio do Instituto Alana. O acervo de bioamostras está sediado no Biobanco do Instituto de Psiquiatria (IPq), que integra o Sistema FMUSP-HC.
“O Biorrepositório de Síndrome de Down terá papel estratégico no avanço de estudos sobre saúde mental, envelhecimento, doenças neurodegenerativas e outras comorbidades comuns na população com trissomia do cromossomo 21”, afirma o Prof. Orestes Forlenza.
Além de preservar material biológico, o acervo será parte de uma infraestrutura nacional para estudos longitudinais, com foco em biomarcadores clínicos, genéticos e imunológicos, com potencial para apoiar diagnósticos precoces e orientar políticas públicas. As primeiras coletas serão realizadas com os participantes da Coorte Brasileira de Pessoas com Síndrome de Down, outro pilar da Rede BURITI.
Ciência em rede
Lançada em 2024 com apoio do CNPq/MCTI e do Instituto Alana, a Rede BURITI-SD articula mais de 30 instituições acadêmicas e da sociedade civil em uma agenda nacional de pesquisa e inclusão voltada à síndrome de Down. Além da FMUSP, também integram o projeto representantes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), com colaboração da Emory University (EUA), e os Institutos Alana e Jô Clemente.
A estrutura da rede inclui uma coorte nacional de participantes, um observatório de dados clínicos e sociodemográficos, uma base de dados de larga escala e o novo biorrepositório, sediado na FMUSP. A proposta é fomentar pesquisas interdisciplinares, formar recursos humanos especializados e gerar subsídios para políticas públicas baseadas em evidências, com foco na promoção da equidade e da cidadania de pessoas com deficiência intelectual.