A evolução da bioimpressão 3D com o uso de células-tronco
Por Maurício Pozza
Você já deve ter ouvido falar de células-tronco e com certeza já se perguntou como ela poderia te ajudar. É a partir das células-tronco que todas as outras células com funções especializadas são geradas. Elas são a matéria-prima do corpo e possuem a habilidade de gerar outras células. A biofabricação de tecidos e órgãos com uso de células-tronco tem sido motivo de inúmeras pesquisas ao logo dos últimos anos, impulsionadas por duas necessidades: (1) Transplante de órgãos e (2) Modelos precisos de tecidos.
Finalmente, e, após muitos anos de estudos, o sonho da bioimpressão de órgãos tornou-se realidade. Hoje, a bioimpressão é definida como uma tecnologia disruptiva, porque resulta do agrupamento de conhecimentos em física, biologia, mecânica e informática.
Pode parecer simples, mas, em um único equipamento de impressão encontramos inteligência artificial, bioimpressão e uso de células-tronco, realmente uma tecnologia que impressiona.
Para a bioimpressão, as células-tronco são obtidas por lipossucção de tecido gorduroso do abdômen do próprio paciente. O objetivo é reproduzir a organização tridimensional das células, como naturalmente é feito pelo corpo humano. Esta tecnologia usa o princípio de camada por camada da impressão 3D.
Assim, combinando as vantagens das tecnologias de bioimpressão 3D e as características biológicas das células-tronco, a bioimpressão tem sido reconhecida como uma nova tecnologia com amplas aplicações em estudos biológicos, teste de drogas, engenharia de tecidos e, sobretudo, na medicina regenerativa.
O desempenho biológico e a reconstrução funcional das células-tronco são diretamente influenciados pelo processo de bioimpressão, o que nos levou até a criação de uma bioimpressora.
O dano e a degeneração tecidual são fenômenos bastante comuns entre os humanos. No entanto, há muitos casos em que as capacidades regenerativas do corpo humano são insuficientes para lidar com este problema.
Os métodos tradicionais para o tratamento destas condições dependem do transplante de tecidos ou órgãos, que é dependente da disponibilidade de um doador que pode ser bastante escasso e vem sempre acompanhado do risco de rejeição do enxerto devido à resposta imune.
Para solucionar as dificuldades apresentadas pelos métodos tradicionais foi desenvolvida uma biompressora. Por meio de uma convergência de know-how e inovação nas áreas de pesquisa e criação, desenvolveu-se a tecnologia 3D de bioimpressão por meio de células-tronco autólogas, fornecendo serviços personalizados de plataforma de regeneração de órgãos.
Auxiliado por um software com inteligência artificial, a bioimpressão 3D dispensa, com precisão, células e biomateriais, camada por camada gerando estruturas que imitam tecidos humanos nativos e sistemas biológicos, sendo amplamente aplicados em curativos biológicos e regeneração de tecidos.
Essa tecnologia que já é aplicada em plataforma de regeneração de órgãos aprovada pelo FDA americano, órgãos regulatórios da Europa e também pela ANVISA no Brasil tem a capacidade de beneficiar milhares de paciente portadores de pés-diabéticos, úlceras de pressão, escaras de decúbito, queimaduras, sequelas de lesões ortopédicas graves, estéticas e outras lesões de pele como feridas abertas por câncer.
Além disso, também possui um excelente custo-benefício, pois reduz:
- Longos períodos de internação;
- Número de amputações de membros;
- Uso indiscriminado de antibióticos;
- Períodos de reabilitação e seus custos;
- Dias parados de trabalho;
- Entre outras complicações decorrentes destas lesões.
Num futuro bem próximo teremos impressão de cartilagens para lesões de quadril e joelho com a mesma bioimpressora e em um futuro um pouco mais longe, quem sabe, impressão de órgãos como coração, fígado e rins. As pesquisas estão evoluindo rapidamente em todo mundo para tecnologias mais especializadas como essa.
*Maurício Pozza é médico e sócio-fundador da distribuidora 1000Medic.