Brasil passa a integrar base de dados dos EUA sobre cirurgia de hérnias
O Brasil é o primeiro país do mundo a integrar a base de dados americana para levantamento de informações sobre as cirurgias de tratamento das hérnias da parede abdominal, doença que afeta cerca de 25% da população brasileira. A ACHQC (Abdominal Core Health Quality Collaborative) ou Central de Colaboração de Qualidade de Saúde Abdominal é um programa iniciado nos Estados Unidos (EUA) que agora conta com a contribuição de seis cirurgiões de três estados brasileiros.
Por iniciativa da Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH), os cirurgiões terão acesso a dados que permitem pesquisas e a melhoria do atendimento prestado ao paciente. Segundo o presidente da entidade, Gustavo Soares, este é um dos maiores bancos de informação sobre tratamento de hérnias do mundo. “Agora os cirurgiões brasileiros poderão acessar esses dados, avaliar resultados e, consequentemente, produzir estudos de grande relevância e oferecer um tratamento ainda melhor aos pacientes”, afirma.
Através dos dados recolhidos a entidade fornece informações de melhores práticas, apoio à decisão e feedback contínuo sobre o desempenho dos participantes e parceiros. Atualmente são 475 cirurgiões e 126,5 mil pacientes. Em breve a plataforma estará disponível para mais cirurgiões associados à SBH, em diferentes estados brasileiros.
Ainda segundo Gustavo, este é um grande ganho para o país. “Para alcançarmos essa parceria foram diversas reuniões, muitas questões legais a serem resolvidas e o trabalho de mais de uma gestão da SBH, que traz essa conquista para a população brasileira”.
As hérnias têm alta prevalência no país. De 2022 para 2023 o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou crescimento de 13% no número de cirurgias realizadas para o tratamento desta doença, saindo de 348 mil para 397 mil procedimentos. Os valores investidos pelo sistema público subiu R$ 97 milhões em um ano, saindo de R$ 306.614 milhões, em 2022, para R$ 406.996 milhões, em 2023, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, através do sistema DataSus.
O também cirurgião e vice-presidente da entidade, Heitor Santos, a pesquisa inclui acompanhamento a longo prazo dos pacientes atendidos. “Envolve também os resultados relatados pelos pacientes, com dados sem identificação, através do recolhimento de dados, análise e aprendizagem colaborativa. Para a SBH é um grande orgulho colocar o país em um projeto de pesquisa com tamanha importância”.