AVC pode causar quase 10 milhões de mortes/ano, com custo anual de US$ 2 trilhões

Estudo da Comissão da Revista Científica Lancet Neurology em parceria com a World Stroke Organization (WSO), publicado no The Lancet Neurology, trouxe uma estimativa preocupante: o Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode causar quase 10 milhões de mortes anualmente, até 2050, principalmente em países de baixa e média renda. A pesquisa ressalta, ainda, que o cenário custará até US$ 2 trilhões por ano. A WSO é presidida pela neurologista e pesquisadora Sheila Martins, que também está à frente da Rede Brasil AVC e foi uma das principais autoras do estudo. Em território brasileiro, o AVC já matou, neste ano, mais de 82 mil pessoas.

O relatório será lançado no Congresso Mundial de AVC, que acontecerá de 10 a 12 de outubro, em Toronto, no Canadá. Para chegar às projeções, 12 especialistas em AVC, de seis países de alta renda e seis de baixa e média renda, utilizaram métodos de estudo da Carga Global de Doenças (Global Burden of Diseases). Eles preveem que, em 2050, 91% das mortes por AVC ocorrerão em países de baixa e média renda. Do ponto de vista econômico, os gastos com tratamento, reabilitação e custos indiretos do AVC podem aumentar de US$ 891 milhões em 2020 para US$ 2,3 bilhões em 2050.

“O número de pessoas que sofrem um AVC, morrem ou permanecem incapacitadas pela doença em todo o mundo aumentou, quase duplicou nos últimos 30 anos. A doença, porém, é altamente evitável e tratável, desde que sejam implementadas soluções, as quais pontuamos neste estudo”, ressalta Sheila. “Implementar e acompanhar todas as recomendações que a da WSO/ Comissão da Lancet Neurology traz nessa pesquisa, que têm uma base sólida de evidências, é ação capaz de levar a uma redução significativa dos casos de AVC”, completa.

A presidente da WSO salienta que, se as tendências atuais se mantiverem, um dos principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da OMS (Organização Mundial de Saúde) não serão alcançados. “Uma das metas é reduzir as 41 milhões de mortes prematuras causadas por doenças não- transmissíveis, incluindo o AVC, em um terço até 2030. Alcançar esse objetivo exige US$ 140 milhões em novas despesas entre 2023 e 2030, no entanto, os benefícios financeiros com a redução dos casos e seus impactos superam esse valor”, pontua.

Barreiras e Ações 

Entre as principais barreiras identificadas pelo estudo, estão a falta de consciência da população sobre o AVC e os seus fatores de risco, que incluem hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, obesidade, alimentação inadequada, sedentarismo e tabagismo, além de dados limitados de monitoramento desses fatores e de uma gestão efetiva de combate ao problema. “As organizações que atuam com o tema, como a Rede Brasil AVC, por exemplo, têm papel importante para auxiliar com estratégias que desenvolvam a capacidade para o amplo acesso à prevenção e aos cuidados e investigação do AVC”, destaca Sheila.

Os pesquisadores elencaram no estudo ações que precisam ser executadas no enfrentamento à questão, entre as quais:

  • Estabelecer sistemas de vigilância de baixo custo para fornecer dados epidemiológicos precisos sobre o AVC para orientar a prevenção e o tratamento;
  • Aumentar a conscientização pública e tomar medidas para melhorar o estilo de vida saudável ​​e prevenir o AVC através da utilização, junto a toda a população, de tecnologias móveis e digitais, como vídeos e aplicativos de conscientização;
  • Priorizar o planeamento eficaz dos serviços de cuidados de AVC agudo, capacitação, formação, fornecimento de equipamento apropriado, tratamento e medicamentos acessíveis, e atribuição de recursos a nível nacional e regional;
  • Adaptar recomendações baseadas em evidências aos contextos regionais, incluindo formação, apoio e supervisão de agentes comunitários de saúde para ajudar nos cuidados de longo prazo do AVC;
  • Estabelecer ecossistemas locais, nacionais e regionais envolvendo todas as partes interessadas relevantes para co-criar, co-implementar a monitorização, prevenção, cuidados agudos e reabilitação para reduzir a carga global de AVC.

Falta de financiamento e recomendação

Um dos entraves para a implementação de ações para o enfrentamento ao AVC é a falta de financiamento. A WSO/Comissão da Lancet Neurology recomenda a introdução de regulamentos legislativos, além de impostos sobre produtos prejudiciais à saúde, ​​como sal, bebidas alcoólicas, produtos com gorduras trans, entre outros. Os pesquisadores argumentam que a medida reduziria o consumo desses itens e, consequentemente, o número de casos de AVC e outras importantes doenças não-transmissíveis.

A ação traria, ainda, segundo os autores da pesquisa, receita suficiente para financiar programas, serviços de prevenção de AVC e outras doenças graves, além de reduzir a pobreza, a desigualdade na prestação de serviços de saúde e melhorar o bem-estar da população.

“As lacunas nos serviços de AVC em todo o mundo são catastróficas. Precisamos de uma melhoria urgente agora, não daqui a 10 anos. A WSO está empenhada em apoiar e acelerar a implementação global destas recomendações, através de seu Grupo de Trabalho de Implementação, com especialistas em AVC, para enfatizar às autoridades as medidas de prevenção e cuidados, além de contribuir com programas educacionais”, disse. Já por meio do Global Stroke Alliance, reunião de implementação de grande impacto organizada pela WSO desde 2020, continuaremos com as discussões em todo o mundo, facilitando a comunicação entre os especialistas em AVC e os responsáveis pela elaboração das políticas públicas, dando apoio técnico aos governos para a elaboração de planos nacionais para o AVC e a inclusão dos cuidados de AVC nos pacotes de cobertura universal de saúde”, conclui.

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