Os avanços da cirurgia robótica e tecnológica na urologia moderna

Por Wagner Eduardo Matheus

A democratização da tecnologia, aliada à adoção de IA, telecirurgia e plataformas mais acessíveis, apontam um caminho promissor. A cirurgia robótica tem se consolidado como um marco revolucionário na urologia nas últimas décadas. No panorama global, atingiu cerca de US$ 2 bilhões de dólares em 2024 e deve alcançar US$ 4,3 bilhões até 2033, com taxas de crescimento anual na faixa de 8,7 % a 10%.

Marcado pela aprovação do sistema da Vinci pela FDA americano em 2000, a cirurgia robótica trouxe um novo horizonte ao oferecer recursos como precisão milimétrica, visão tridimensional e controle refinado da instrumentação cirúrgica. Essas melhorias elevam a ergonomia e aumentam a destreza cirúrgica, aproximando-se cada vez mais da sensibilidade humana.

Aplicações emergentes de realidade aumentada, IA e visualização 3D têm sido integradas aos consoles cirúrgicos, permitem navegação no intraoperatório, simulações precisas e suporte à decisão em tempo real. Esse movimento não se vê apenas em centros tradicionais da América do Norte e Europa, países como a Índia e China têm se destacado como mercados em rápido crescimento, impulsionados por investimentos em infraestrutura, além da demanda crescente por tecnologias avançadas.

Os benefícios dessa tecnologia são inúmeros e precisam ser destacados: alta precisão especialmente em anatomias complexas e minimização de tremores, cirurgia menos invasiva, recuperação acelerada, além da preservação funcional. Posso mencionar outros como incisões menores, menor perda sanguínea, menos dor pós-operatória e, por último, a redução da fadiga da equipe cirúrgica, permitindo maior volume de operações com qualidade.

A prostatectomia radical que se trata de cirurgia para câncer de próstata é amplamente realizada com assistência robótica, permitindo ressecções precisas, com preservação de pequenos nervos, redução de sangramento e recuperação mais rápida. Ela também se aplica a nefrectomias parciais (retirada de tumores renais, com preservação do órgão), reconstruções vesicais e ureterais, com maior controle anatômico e oncológico em comparação aos métodos convencionais.

Além disso, existem experiências em várias cirurgias urológicas para tumor de bexiga, ureter, adrenal, tumores retroperitoneais e, também, cirurgias benignas como pieloplastia (cirurgia de anomalia de JUP), correção de refluxo vesico-ureteral, cálculos urinários, dentre outras.

Tecnologia robótica pelo mundo

O sistema da Vinci continua sendo o padrão-ouro em cirurgia robótica, usado em prostatectomias, nefrectomias, cistectomias, pieloplastias e diversas cirurgias urológicas. Entretanto, surgem cada vez mais alternativas competitivas ampliando opções de mercado e reduzindo custos operacionais. Aqui ilustro com a tabela de novos robôs, fabricantes e especialidades. Esses sistemas emergentes oferecem inovação, flexibilidade e, em alguns casos, portabilidade superior que favorece adoção em centros menores e regiões mais remotas.

Fazendo uma alusão com a aviação, as técnicas e tecnologias de simulação para treinamento são fundamentais para garantir segurança e eficácia na adoção da cirurgia robótica. Tratando-se de IA como suporte em tempo real, navegação preditiva, e sistemas “inteligentes” assinam tarefas autônomas básicas ou adaptativas, além da visão computacional em simulações viabilizam a análise automatizada de desempenho, oferecendo feedback objetivo e acelerando o aprendizado.

Estudos como o de reconhecimento de gestos de sutura demonstram que essas soluções já alcançam níveis de precisão elevados, com futuro promissor em certificação e treinamento remoto. A crescente adoção global, impulsionada pela demanda por técnicas menos invasivas e melhores resultados clínicos, garante aceleração sustentável do mercado — sobretudo se as barreiras de custo e acesso forem mitigadas. Porém, os desafios permanecem reais, sobretudo em custo, treinamento e evidência de longo prazo.

O mercado continuará a expandir, principalmente na Ásia-Pacífico, América Latina e outras regiões emergentes. Em síntese, a cirurgia robótica urológica está pronta para transformar a atenção ao paciente, oferecer melhores desfechos e democratizar intervenções sofisticadas em todo o mundo.


*Wagner Eduardo Matheus é o atual presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – seccional São Paulo e Professor Livre docente da Urooncologia FCM-UNICAMP.

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