O avanço da interoperabilidade e a saúde suplementar no Brasil

Por Alexandre Sipoli Sgarbi

Temos acompanhado notícias recentes sobre as dificuldades em que os planos de saúde e os demais players do setor estão sofrendo, muito devido ao aumento de sinistralidade e o consequente aumento de taxas assistenciais, que tem causado muitos impactos operacionais.

Além de (já recorrente) crescimento em taxas assistenciais, os planos de saúde têm lançado mão de outras iniciativas, como a revisão/limitação da rede credenciada, forças-tarefa mais criteriosas em cima de processos de reembolso, consumo fraudulento de serviços, entre outros.

Uma tese há muito falada, preconizada pelo SUS e operacionalizada por algumas startups de saúde, é a de estruturar o atendimento em camadas. Neste caso, uma estrutura primária de atenção faz o primeiro atendimento (atenção primária) e o direciona adequadamente a níveis secundários e posteriores (consequentemente mais custosos) de acordo com necessidade e avaliação clínica. O diferencial desse modelo é que boa parte dos atendimentos se encerram com qualidade na atenção primária, fornecida por clínicos gerais e estruturas de médicos de família, com tratamentos adequados para boa parte das necessidades.

Um ótimo exemplo disso acontece quando temos alguma dor localizada, como por exemplo estômago ou cabeça. Ao utilizar a estrutura de atenção primária, o clínico geral ou médico da família entende o problema, direciona ações adequadas e, apenas em caso de real necessidade, encaminha para especialistas (gastroenterologista, neurologista, etc.). Ao passo que, quando possuímos um plano de saúde, costumamos já buscar na rede credenciada um especialista apenas por “associação” do local da dor, o que encarece o processo.

Chegamos, então, ao questionamento: mas o que isso tudo tem a ver com a interoperabilidade?

Quando se olha uma boa parte da sinistralidade, constata-se que são exames e procedimentos desnecessários realizados pelos pacientes. Veja outro exemplo: neste mês, um médico faz uma série de exames e dá um diagnóstico, receitando o tratamento. Daqui dois meses, o paciente tem algum novo problema, consulta outro médico por ser uma especialidade diferente que, por sua vez, solicita boa parte dos exames novamente. A questão é: há situações em que um exame anterior indicaria claramente uma hipótese. Até mesmo um histórico poderia indicar uma tendência. Ou seja, o próprio atendimento “diretamente com o especialista” pode ter sido mais custoso que o necessário, uma vez que clínico geral poderia ter endereçado.

A aplicação da interoperabilidade auxiliaria no endereçamento do histórico, “preparação” de informações estruturadas (uso de tecnologia) e uma visão mais clara dos pacientes, independentemente do profissional que o atende. Isso sem considerar as possibilidades de melhoria na gestão dos custos, como fluxo de aprovação de procedimentos, reembolsos, etc., facilitando assim a identificação de potenciais fraudes e as diferenciando daquelas situações realmente necessárias.

Vemos que muitas empresas do segmento já executaram algumas ações sobre o tema Transformação Digital buscando iniciar essa jornada que culmina na interoperabilidade, mas muitas acabam por se frustrar no caminho, seja por “informatizar a burocracia”, colocando “dentro do computador” processos morosos e complexos da mesma maneira com que são feitos manualmente, ou seja, uma burocracia digital; seja por buscarem um cenário de “revolução digital”, preconizando uma transformação massiva no parque tecnológico para apenas então se entenderem habilitados a começar algum tipo de jornada no assunto.

É preciso entender que é possível iniciar a jornada e, principalmente, capturar benefícios sem obrigatoriamente necessitar dessa “revolução”. Pensando em trazer sempre evoluções à operação, vale aportar tecnologias específicas e viáveis a cada nível de maturidade de operação das empresas, de maneira incremental/anexa, sem necessariamente trocar sistemas para obter esse benefício.


*Alexandre Sipoli Sgarbi é Diretor da Peers Consulting & Technology.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.