Autorizações para importar cannabis crescem 13,3% de janeiro a agosto
Pacientes que fazem uso de produtos à base de cannabis para tratar suas doenças já obtiveram 122.450 autorizações de importação entre janeiro e agosto de 2025. Trata-se de um aumento de 13,3% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 108.082 permissões pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os dados fazem parte de um levantamento realizado pela Cannect, a partir de informações obtidas via Lei de Acesso à Informação (LAI).
O volume de emissões registradas neste mês de agosto (15.834) de 2025 é o segundo maior em relação ao mesmo mês nos anos anteriores, atrás apenas do montante de agosto de 2024, quando 15.989 autorizações foram concedidas pelo governo brasileiro a pacientes.
Desde 2015, quando a Anvisa autorizou a importação de cannabis por meio de uma resolução (hoje RDC 660), o país vem observando um aumento exponencial no número de autorizações: de 850 naquele ano para 167.337 em 2024. Se a média registrada nos oito primeiros meses deste ano se mantiver, 2025 fechará com um novo recorde.

Para Allan Paiotti, CEO da Cannect, os números traduzem a mudança de patamar no acesso terapêutico à cannabis medicinal. “O ritmo de crescimento das autorizações mostra que a cannabis medicinal começa a se integrar ao dia a dia da prática clínica no Brasil. A tendência é que tenhamos um crescimento sustentável, tratamentos cada vez mais acessíveis e um ambiente terapêutico no qual a cannabis será considerada tão natural quanto outras classes de medicamentos usados para condições crônicas, com segurança para o paciente.”
Em setembro de 2023, quando passou a valer a proibição da Anvisa para a importação de flores de cannabis, as autorizações até chegaram a recuar por alguns meses, já que esses produtos representavam grande parte do que era consumido no Brasil. Depois, porém, o mercado encontrou novas formas de administração (como as gummies) e, desde então, a emissão de autorizações de importação tem batido sucessivos recordes.
Mas o mercado de cannabis está longe do seu teto. Há uma contagem regressiva para 30 de setembro, quando se encerra o prazo fixado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que a União e a Anvisa consolidem a regulamentação do cultivo medicinal da cannabis por empresas. “A partir dessa regulamentação, é esperado que o mercado entre em uma nova fase, com maior previsibilidade regulatória, atração de investimentos para produção local e expansão do acesso a tratamentos no Brasil”, analisa Paiotti.
Importação versus Compra em Território Nacional
O mecanismo de acesso por importação é o principal caminho para pacientes que buscam tratamentos à base de cannabis medicinal no Brasil. Para obter a autorização, é necessária uma prescrição de profissional habilitado e uma autorização excepcional da Anvisa, que tem validade de dois anos. Ela permite importar o produto indicado na receita, em quantidade compatível com o tratamento.
“A RDC 660/2022 estabelece diretrizes de importação do medicamento com a permissão individual de uso pessoal, distinta do marco da RDC 327/2019 que regula produtos de cannabis passíveis de venda em farmácias e drogarias mediante autorização sanitária específica, em território nacional”, esclarece Paiotti, destacando que a Anvisa realizou consulta pública neste ano para atualizar as normas da RDC 327.
Autorizações de importação de produtos à base de cannabis (2025)
- Janeiro: 14.045
- Fevereiro: 14.554
- Março: 14.485
- Abril: 15.771
- Maio: 17.156
- Junho: 14.303
- Julho: 16.302
- Agosto: 15.834
Autorizações de importação de produtos à base de cannabis (últimos 13 meses)
Média diária de autorizações de importação de produtos à base de cannabis (2025).
- 2015: 2,33
- 2016: 2,39
- 2017: 5,76
- 2018: 9,64
- 2019: 23,35
- 2020: 48,80
- 2021: 110,30
- 2022: 220,31
- 2023: 374,67
- 2024: 458,46
- 2025: 510,20

