Aumento de glosas impacta no resultado de hospitais privados
Os ganhos de eficiência não foram suficientes para alavancar resultado econômico-financeiro dos hospitais privados. Dados da 10ª edição do Observatório da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) revelam que o aumento do prazo de recebimento de recursos por parte das operadoras e do índice de glosas (recusa de pagamento por parte das operadoras) impactam o setor. O Observatório 2018 foi lançado recentemente, em São Paulo.
Em 2017, a receita bruta do conjunto dos hospitais Anahp alcançou R$ 33,6 bilhões. Com isto, a receita dos hospitais Anahp passou a representar 21,5% das despesas assistenciais das operadoras de planos de saúde. Em 2016, relação era de 20,7%. As despesas com mão de obra, que envolvem tanto os empregados com carteira assinada quanto os serviços técnicos, responderam por mais de 50% das despesas dos hospitais Anahp no ano passado.
O Observatório aponta ainda outras principais pressões de custo para os hospitais em 2017. A participação do custo de pessoal (despesa com empregados) saltou de 36,2% em 2016 para 37,4% em 2017. A parcela dos contratos técnicos e operacionais, saltou de 13,0% para 14,0%. Já os medicamentos responderam por 25,1% da receita dos hospitais Anahp em 2017.
Glosas e aumento de prazo
Análises dos dados do SINHA – Sistemas de Indicadores Hospitalares Anahp – mostram aumento do prazo médio de recebimento dos hospitais, e também maior índice médio de glosas (não pagamento de serviços prestados pelos hospitais, pelas operadoras de planos de saúde). Isto tem como consequência um impacto negativo no fluxo de caixa dos hospitais, com aumento do custo financeiro da operação. Indicadores operacionais do SINHA demonstram os esforços continuados dos hospitais associados para aumentar sua eficiência, como por exemplo, pela manutenção da redução do tempo médio de permanência das internações e aumento do giro de leito.
O prazo de recebimento vem aumentando e ultrapassa o período de 2 meses. Enquanto 2016 o prazo era de 66,8 dias, em 2017 chegou a 73 dias o tempo para um hospital receber pelo serviço prestado.
Outro ponto crítico para os hospitais privados em 2017, o índice de glosas dos hospitais, medido em relação à receita líquida, subiu de 3,44% em 2016 para 3,88% em 2017.
A receita líquida por saída hospitalar cresceu 2,7% em 2017, enquanto a despesa total por saída hospitalar subiu 2,8% no mesmo período. Parte da explicação pode estar no prazo médio de recebimento, medido como proporção da receita líquida, que cresceu de 3,4% para 3,8%.
Em 2017, 90,3% da receita dos hospitais Anahp vieram de recursos administrados por operadoras de planos de saúde. Deste total, 31,7% de cooperativas médicas, 27,9% de planos de autogestão, 26,5% de seguradoras, 13,2% de medicina de grupo, 0,6% de filantropia e 0,2% de planos internacionais. E ainda 5,3% das receitas vieram do SUS; 3,7%, de gastos particulares; e 0,7% de demais fontes pagadoras.
A taxa de ocupação passou de 76,94% em 2016 para 76,85% em 2017. A média de permanência, por sua vez, caiu de 4,38 dias para 4,27 dias.
Independente da evolução desfavorável de alguns indicadores econômico-financeiros, as instituições membros da Anahp mantiveram seus investimentos em qualidade e segurança da atenção à saúde. Em 2017, por exemplo, os protocolos clínicos institucionais e os indicadores de segurança assistencial passaram por uma extensa revisão e adequação, em alinhamento com a literatura nacional e internacional.
Observatório Anahp 2018
A publicação anual reúne os principais indicadores do Sistema de Indicadores Hospitalares da Anahp, o SINHA, além de indicadores de mercado, análises setoriais, pesquisas inéditas e o perfil institucional dos hospitais membros.