Conexão médico-paciente é cada vez mais valorizada no sistema de saúde

Por Graziela Moreto

Nos últimos 30 anos, alinhado ao avanço das tecnologias empregadas no diagnóstico e tratamento das doenças, houve certo distanciamento entre médico e paciente. Qualquer traço a mais de empatia, por parte do profissional, era considerado – pelo sistema – uma fraqueza, um déficit que precisava ser corrigido imediatamente. Afinal, um médico que “toma as dores do paciente”, que se preocupa em dar seguimento ao tratamento, que dedica tempo não somente para ouvir as queixas do doente e de sua família, mas também para pensar discutir individualmente cada caso não parecia estar “do lado certo”. Nesses anos todos, entretanto, uma contracorrente veio sendo desenhada discreta e profundamente: a Medicina Humanista.

Nesta época em que as redes sociais viralizam rapidamente qualquer queixa pessoal, em que a reputação de um médico, de um hospital e até mesmo de uma seguradora de saúde pode ser arranhada por toda e qualquer acusação de indiferença, negligência e culpa, o próprio “sistema” tem revisto as condutas na área da Saúde e investido numa aproximação entre médico e paciente. Mas não é só isso. Por trás desse maior incentivo à conexão médico-paciente, existe também a clara percepção de que contar com um médico generalista cuidando de um grupo de pacientes (o que inclui acompanhar o histórico de saúde de cada um, garantir que façam os exames necessários – nem mais, nem menos – para que eventuais problemas sejam diagnosticados e tratados ainda no início da doença) é muito mais vantajoso do que investir somente em superespecialistas.

Além disso, do jeito que as coisas vinham sendo orientadas, é notório o aumento de episódios de estresse, depressão e síndrome de burnout entre os profissionais da saúde – não apenas de médicos, mas de enfermeiras também. Até mesmo a taxa de suicídio nessas categorias é duas vezes maior que a da população em geral. É totalmente descabido fazer vistas grossas para esses fatos baseados em estudos e estatísticas. Nos Estados Unidos, por exemplo, metade dos médicos não recomendariam a seus filhos seguir a mesma carreira. Atingimos, assim, aquele ponto em que não dá para seguir em frente antes de promover mudanças profundas. Desde a forma com que os vestibulandos são avaliados e admitidos nas universidades de Medicina, passando pelo currículo exigido, desenvolvimento de habilidades extraclasse e as relações entre sistema-médico-paciente.

A volta da conexão médico-paciente do ponto de vista humanista, desde que sob novas perspectivas e métodos, é essencial para ter e manter a saúde. O humanismo é a única filosofia e o único caminho a ser seguido para atingir os quatro pilares: melhor saúde, melhor experiência, menor custo e maior realização profissional. Somente quando a gente cuida da saúde e bem-estar dos nossos parceiros de trabalho é que podemos esperar que eles cuidem bem de seus pacientes. A conexão é otimizada ao máximo, formando um ciclo virtuoso. E isso tem de começar nos bancos das universidades, passando inclusive pela residência. Mais do que isso: temos que garantir um tratamento humanizado em outras esferas, abrangendo pesquisadores, enfermeiras, técnicos e médicos assistentes, administradores e equipe de atendimento de clínicas e hospitais. Tudo isso centrado nos pacientes e em suas famílias.


Graziela Moreto é Médica Generalista e diretora da Sobramfa – Educação Médica & Humanismo 

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.