Brasileiros passam em média 56% do dia em frente às telas de smartphones e computadores

No Brasil, as pessoas passam aproximadamente 16 horas do dia acordadas, mas um dado chama a atenção: mais da metade desse tempo é destinado ao uso de smartphones e computadores. O levantamento foi feito pela plataforma Electronics Hub, um site de informações eletrônicas, a partir da pesquisa Digital 2023:Global Overview Report da DataReportal, considerando 45 nações, e concluiu que o Brasil é o segundo país com mais pessoas em frente a uma tela.

São cerca de 56,6% das horas acordadas em frente a telas, ou seja, cerca de nove horas do dia. Em primeiro lugar do ranking estão os sul-africanos, que passam 58,2% acordados usando o computador ou um smartphone.

Ainda segundo a plataforma, uma possível explicação para esse tempo poderia estar ligada ao crescimento dos serviços de streaming on-line, com dados revelando que 64% dos usuários brasileiros de smartphones são assinantes de serviços como Netflix, Apple TV ou Prime Video da Amazon.

Estado do digital no Brasil em 2023

Apesar dos inúmeros benefícios atrelados à tecnologia, tanto para o desenvolvimento econômico quanto social do País, com o aumento de conexões e possibilidades, o uso excessivo de aparelhos eletrônicos pode ocasionar prejuízos de grande impacto para a saúde física e mental das pessoas, e também trazer percepções sobre para onde e como o País está caminhando em seu desenvolvimento socioeconômico.

Em contrapartida, mesmo sendo um país altamente tecnológico, o Japão, ficou em último lugar no levantamento. Os habitantes daquele país têm as taxas de tempo de tela mais baixas do mundo, com usuários destinando apenas 21,7% de seu tempo para olhar para seus dispositivos.

Ao analisar esses dados, a partir do nível de desenvolvimento dos países, onde o Japão está classificado como um dos mais desenvolvidos, o professor Ildeberto Aparecido Rodello, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, aponta que este tempo poderia ser considerado um dos fatores para explicar essa diferença.

“De certa forma, podemos tentar fazer a associação do impacto dessa diferença de tempo em tela, entre Brasil e Japão, considerando o desenvolvimento socioeconômico”, afirma. Mas, segundo o professor, é necessário também levar em conta fatores como a idade mediana da população brasileira e da japonesa, em que uma é mais jovem do que a outra, respectivamente, e questões culturais. “Existe assim uma possibilidade de relação, porém, eu não afirmaria com certeza”, pontua.

Produtividade em questão

Para o professor de Psicologia Social Sérgio Kodato, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, a tecnologia é extremamente favorável para efeitos do desenvolvimento do País. No entanto, ele apresenta uma série de fatores que levam a um desequilíbrio nas situações de trabalho, entre os aspectos pessoais e profissionais.

Kodato aponta que o uso de aparelhos celulares durante o horário de serviço pode levar à distração, dependência, falta de engajamento e concentração na atividade de trabalho. “Sabemos que existem ferramentas essenciais para utilização no desenvolvimento profissional, mas para combater essa distração e esse desperdício na produtividade é preciso um bom treinamento e conscientização em termos de maturidade, disciplina e engajamento nos objetivos da empresa ou instituição”, coloca o professor.

Além disso, a psicóloga Tatiane Possani, doutora em Psicobiologia pela FFCLRP da USP, ressalta esse manejo do uso da tecnologia no ambiente de trabalho. Para ela, é indiscutível que o uso da tecnologia pode colaborar para a otimização do tempo, gerenciamento de tarefas e trazer maior rapidez para desempenhar diversas atividades, entretanto, o estar a todo momento conectado pode dificultar o estabelecimento de prioridades.

“Ao chegar um e-mail, uma mensagem, um vídeo que podem ser interpretados como algo urgente a serem resolvidos, mesmo não sendo na realidade, pode fazer com que múltiplas tarefas sejam executadas ao mesmo tempo e com que haja dificuldade em limitar o tempo de trabalho, tempo de lazer e o tempo de descanso”, explica a psicóloga. “Não é o uso da tecnologia em si o problema, mas a forma que eu faço o uso e a quantidade de tempo”, complementa.

Cuidados com a saúde

Não é de hoje que os especialistas alertam para o mal à saúde que o uso excessivo da tecnologia pode causar. Em seu último mapeamento de transtornos mentais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que o Brasil possui a população com maior prevalência de transtorno de ansiedade do mundo e isso não é uma coincidência.

De acordo com Tatiane, o tempo de tela e a ansiedade possuem uma relação positiva, ou seja, quanto maior o uso excessivo de tela, maior a ansiedade, como também quanto maior ansiedade, maior o uso excessivo de tela. “O uso excessivo de aparelhos eletrônicos pode decorrer dos perigos do cenário que vivenciamos, como o medo de ser assaltado, dificuldade financeira, o que pode favorecer ainda mais o isolamento social.”

Kodato comenta ainda que a ansiedade “é a distância que existe entre o que eu deveria ser e o que eu consigo ser”. “Então basicamente todo o brasileiro ou quase todo o brasileiro, seja por procrastinação, seja por falta de condições infraestruturais, sabe muito bem que não está rendendo o máximo daquilo que é possível”, indica.

O especialista cita a China como exemplo. “Se você passar uma temporada na China, vai ver que em todos os setores da vida social a velocidade, a competência, a rapidez, a esperteza com que são realizadas as tarefas é praticamente muito maior do que no nosso país.” Dessa maneira, a ansiedade estaria atrelada a uma consciência de “dívida”.

Por outro lado, Kodato explica que a ansiedade também tem relação com o imediatismo. “Também somos uma cultura de resultados imediatos e isso é obtido na tela do computador, tanto a questão do prazer imediato, quanto a questão da informação. Nesse sentido, essa ansiedade tem a ver com a questão dos resultados imediatos, do imediatismo, e não trabalhar, batalhar, lutar, brigar e cultivar para obter o resultado almejado”, finaliza. (Com informações da Agência Jornal da USP)

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