Casos de Alzheimer podem quadruplicar no Brasil sem plano nacional
A cada 3 segundos, há no mundo um novo diagnóstico de demência. Seis em cada dez casos são relativos à Doença de Alzheimer. Em média, há um crescimento de 10 milhões ao ano no mundo. Seis milhões, em Alzheimer. No Brasil, temos 1,5 milhão de pessoas vivendo com demência. A estimativa é que o número quadruplique nas três décadas futuras. Os dados são assustadores, é verdade. Só que não retratam a realidade. Falamos apenas de indicadores oficiais. Entretanto, existe grande subnotificação, conforme médicos, gestores e demais especialistas.
A demência é uma das causas mais comuns de incapacidade e dependência entre as pessoas idosas. Além da questão humana, do sofrimento de familiares, amigos e do doente, existe um grave impacto global. Em 2018, os custos em cuidados e tratamento ficou na ordem de US$ 1 trilhão. Estima-se que daqui dez anos chegará a US$ 2 trilhões. É mais do que o Produto Interno Bruto do Brasil, hoje em cerca US$ 1,7 trilhão.
Plano Nacional de Demência
Em 21 de setembro é comemorado o dia de conscientização sobre a importância do diagnóstico e do tratamento da Doença de Alzheimer. Em relatório mundial da Doença de Alzheimer, divulgado pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), destaca-se estudo da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres com cerca de 70 mil pessoas de mais de 100 países diferentes. Ele constata que a desinformação da população em relação à demência de forma geral é alarmante: dois terços dos entrevistados acreditam que a demência é normal e faz parte da velhice. A falta de orientação sobre o tema prejudica o diagnóstico precoce e tratamento adequado.
O envelhecimento pode sim causar leve esquecimento, mas não prejuízos à vida pessoal e profissional, ao mercado de trabalho, ao sistema de saúde, entre outros. Contudo, como distinguir um caso de outro, se mesmo entre a classe médica nem todos possuem formação adequada para diagnosticar?
Os neurologistas do País, por meio da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), defendem a criação de um Plano Nacional de Demência, com políticas consistentes em saúde pública, garantindo tratamentos/assistência social às famílias de pacientes com demência, divulgando ininterruptamente campanhas de esclarecimento e, assim, prevenindo o aumento dos casos. Tudo com a participação de instituições de saúde, do poder público e do conjunto da sociedade.