Aluna do curso de Gerontologia da USP conquista prêmio de inovação para o SUS
A dissertação de mestrado da arquiteta Mariana Mie Chao, desenvolvida sob orientação da professora Maria Luisa Trindade Bestetti e defendida na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, conquistou o 1º lugar no 17º Prêmio de Incentivo em Ciência, Tecnologia e Inovação para o SUS – Edição 2025, realizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com o Ministério da Saúde. O reconhecimento, considerado um dos mais relevantes do País, destaca pesquisas capazes de contribuir de maneira significativa para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e evidencia o compromisso da USP com a produção de conhecimento aplicado às necessidades reais da população. O resultado da premiação foi anunciado no último dia 2 de dezembro, durante o 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão), em Brasília.
O estudo de Mariana Chao aborda um dos maiores desafios do País: o envelhecimento populacional em condições pouco saudáveis, marcado por altas taxas de doenças crônicas, perda funcional e crescente sobrecarga do SUS. Diante desse cenário, a pesquisa apresenta o desenvolvimento da Estação de Telessaúde Integrada de Bem-Estar (Etibe), uma solução inovadora e estruturante que busca descentralizar o cuidado, aproximando-o das pessoas e ampliando o acesso à saúde digital.
A dissertação parte do reconhecimento de que a concentração de atendimentos em hospitais e consultórios limita a resolutividade e intensifica a demanda sobre o sistema de saúde. Para enfrentar esse desafio, investigou-se como o ambiente físico qualificado, planejado de forma inteligente, sensorial e tecnologicamente integrada, pode apoiar a telessaúde, promover o envelhecimento saudável, reduzir desigualdades regionais, otimizar recursos e fortalecer a atenção primária. Nesse contexto, a ETIBE foi concebida como unidade modular, transportável, acessível e conectada, capaz de oferecer telemonitoramento, telerreabilitação, teleorientação, atendimentos em saúde mental e práticas integrativas do SUS em territórios como escolas, Unidades Básicas de Saúde e comunidades.

“Ser premiada foi uma experiência muito especial, pois reconhece uma pesquisa que nasceu da inquietação em aproximar o conhecimento acadêmico de soluções concretas, com impacto real na vida das pessoas. O prêmio evidencia que a inovação em saúde não se limita à tecnologia, mas também ao desenho dos ambientes, à humanização do cuidado e a um olhar verdadeiramente interdisciplinar. Representar a USP e a EACH é motivo de orgulho, especialmente por reforçar a relevância de pesquisas aplicadas que dialogam com os desafios do envelhecimento e apontam para modelos de cuidado mais humanos, integrados e alinhados às transformações da sociedade e da saúde digital”, afirma Mariana.
A conquista do prêmio do CNPq representa a validação de uma proposta que aproxima tecnologia e cuidado, oferecendo caminhos concretos para melhorar a vida da população idosa e fortalecer a atuação dos profissionais do SUS. O estudo evidencia como a universidade pode contribuir de maneira efetiva para a evolução dos modelos de atenção e para o futuro da saúde digital no Brasil. Para a professora Maria Luisa Trindade Bestetti, “esse prêmio representa a capacidade e dedicação dos professores e orientandos no Programa de Pós-Graduação em Gerontologia na produção de conhecimento desejável, viável e sustentável, assim como demonstra a potência da interdisciplinaridade que caracteriza a Escola de Artes, Ciências e Humanidades em prol de uma sociedade mais justa e digna”.
Inovação em saúde
A dissertação reforça a inovação interdisciplinar, ao conectar arquitetura, gerontologia, saúde pública, tecnologia, comportamento e humanização do cuidado. Ao propor um modelo replicável e alinhado às políticas públicas, o trabalho contribui para a construção de uma inteligência nacional em saúde digital e para a reorganização dos modelos de atenção em um país que envelhece rapidamente.
A proposta beneficia tanto as pessoas idosas, ao promover autonomia, segurança e acesso ao cuidado, quanto os profissionais de saúde, ao disponibilizar um espaço estruturado que qualifica a interação remota, otimiza processos assistenciais e facilita o acompanhamento contínuo. O projeto foi desenvolvido com curadoria técnico-científica de especialista em telemedicina da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e avaliação multiprofissional, resultando em um ambiente arquitetônico robusto, funcional e adaptado às necessidades da população.
O conceito da estação foi implantado em duas unidades físicas: uma na Universidade de Brasília (UnB), campus Ceilândia, e outra na Unidade Municipal de Educação (UME) Cidade de Santos, integrada ao Programa Santos Jovem Doutor. As experiências demonstraram a aplicabilidade da proposta em diferentes contextos, favorecendo ações de saúde comunitária, educação em saúde e o fortalecimento de redes locais de apoio.
O projeto recebeu ainda reconhecimento institucional da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms) em 2024/ foi citado pelo professor Chao Lung Wen, referência nacional na área, no 1º Simpósio Internacional de Transformação Digital no SUS em 2023/ e obteve menção honrosa no Prêmio Quati/EACH-USP em 2025. Esses marcos demonstram que a pesquisa dialoga com agendas estratégicas nacionais e está alinhada às transformações necessárias para ampliar o acesso, reduzir desigualdades e apoiar o trabalho das equipes de saúde. (Com informações do Jornal da USP. Foto: EACH)
