Dia do Combate ao Alcoolismo: impactos na Saúde Cardiovascular

Por Alessandra Geisler

O Dia Mundial de Combate ao Alcoolismo, celebrado em 18 de fevereiro, é uma ocasião importante para todos os profissionais de Saúde refletirem sobre a relação entre o consumo de álcool e as doenças que afetam suas especialidades. Como cardiologista, vejo como essencial trazer à luz dados e desmistificar a crença popular sobre o consumo de álcool, pois é evidente que se trata de uma indústria bilionária em todo o mundo e que investe pesadamente em marketing para ampliar a quantidade de pessoas que consomem seus produtos.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem se dedicado ao estudo dos efeitos do álcool na saúde, e suas descobertas são um alerta. Meu principal alerta recai sobre o fato de alguns estudos terem sugerido um possível efeito protetor do consumo de pequenas quantidades de álcool, principalmente o vinho, contra a doença cardíaca isquêmica. É importante aqui destacar que a dose recomendada para a obtenção desse efeito positivo é de apenas 5g, que equivale a meia dose de bebida ao dia. E é aí que mora o perigo porque a realidade é que a maioria das pessoas excede esse limite.

A quantidade média ingerida nas Américas é acima desse nível que poderia oferecer alguma proteção e 25% das pessoas relatam o consumo excessivo episódico de álcool. A literatura médica define o consumo excessivo episódico de álcool como ingerir álcool puro em quantidade superior a 60 gramas, para os homens, e 40 gramas, para as mulheres, em uma ou mais vezes por mês. O consumo excessivo de álcool, por outro lado, está inequivocamente associado a um risco aumentado de doenças cardiovasculares.

Dessa forma, é fundamental que abandonemos a ideia de que o consumo moderado de álcool é sempre benéfico para o coração. É evidente que acompanhamento médico regular, hábitos saudáveis na alimentação e a prática constante de atividades físicas são métodos de combate e prevenção a doenças cardíacas bem mais eficientes do que uma dose de álcool, mesmo que pequena.

Em resumo, podemos dizer que:

  • A relação entre álcool e doença cardiovascular é complexa e depende da quantidade e do padrão de consumo.
  • A quantidade média de álcool consumida nas Américas ultrapassa os níveis que poderiam oferecer alguma proteção.
  • O consumo excessivo episódico de álcool, ou seja, beber grandes quantidades em um curto período de tempo, eleva o risco de doenças cardiovasculares, mesmo em pessoas que não são consumidoras frequentes.
  • O efeito do álcool sobre a doença cardiovascular é similar, seja na forma de cerveja, destilados ou vinho. Portanto, não há evidências de que o vinho tinto ofereça algum benefício adicional.
  • Quanto maior o consumo médio de álcool, maior o risco de doença cardiovascular.

Como cardiologistas, temos a responsabilidade de fornecer orientações claras e atualizadas sobre os riscos do consumo de álcool para a saúde cardiovascular. Nossos pacientes devem entender que a moderação, na maioria dos casos, não traz benefícios e que, em muitos casos, o consumo excessivo, mesmo que ocasional, é perigoso.


*Alessandra Geisler é Cardiologista Pediátrica e Pediatra Geral.

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