47% dos hospitais da América Latina usam aplicativos para dar suporte a tratamentos
As tecnologias digitais têm o potencial de revolucionar o setor de saúde, melhorando significativamente a qualidade de vida das pessoas e, claro, agilizando processos. O mais recente estudo da NTT DATA “Inovando o atendimento médico por meio da tecnologia: perspectivas sobre o atendimento virtual nas Américas e na Europa”, realizado em parceria com a MIT Technology Review, aponta que 47% das instituições médicas ouvidas na América Latina utilizam aplicativos para oferecer melhor suporte a tratamentos, promover soluções de autoatendimento, otimizar o uso de recursos e evitar visitas sem necessidade a consultórios médicos e hospitais.
As tendências identificadas no relatório estão divididas em três eixos: habilitadores tecnológicos que permitem a transformação digital; tecnologias centradas no paciente que revolucionam o vínculo entre as pessoas e a saúde; e a evolução do atendimento médico virtual.
Nesse sentido, o estudo mostra que os dados disponíveis para o sistema de saúde têm um enorme valor para melhorar a precisão e a velocidade dos diagnósticos, antecipar a demanda por suprimentos, sistematizar o atendimento da equipe, automatizar e otimizar a distribuição de turnos e o planejamento de recursos.
“O estudo mostrou o avanço do impacto positivo das tecnologias digitais para a melhoria dos serviços de saúde”, diz Katia Galvane, diretora-executiva para Saúde e Seguros da NTT DATA Brasil. “Essas tecnologias possibilitam às instituições de saúde oferecerem atendimento de forma ágil e muito mais ampla, permitindo a universalização do atendimento. Dessa forma, podemos utilizar as tecnologias para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, completa.
Impacto do cuidado virtual
O estudo da NTT DATA aponta que 43% das instituições pesquisadas na América Latina oferecem algum tipo de serviço de cuidado virtual. Entre os serviços digitais mais consolidados apontados no estudo, está a telemedicina e a prescrição eletrônica, que se destacam como os produtos mais relevantes para 62% e 52% das empresas, respectivamente.
O monitoramento remoto de pacientes é adotado em 30% das instituições entrevistadas e o uso de assistentes virtuais de saúde, por 28%, oferecendo maior comodidade e acessibilidade aos pacientes.
Por outro lado, as startups são pioneiras na implementação de serviços de virtual care: 53% dessas empresas adotaram esse tipo de assistência médica. Já as organizações públicas e grandes corporações enfrentam uma série de desafios em termos de estruturas burocráticas e regulatórias. Por causa disso, menos da metade (44%) das organizações públicas e apenas 20% das grandes corporações possuem serviços de virtual care.
Os desafios dos serviços virtuais
Entretanto, existem alguns desafios, como a ausência de investimento, incerteza macroeconômica, a falta de uma visão estratégica e a fragilidade de marcos regulatórios que podem levar a problemas legais. Há também uma conscientização no setor de como é essencial desenvolver tecnologias inclusivas e centradas na comunidade para incentivar a adoção e torná-las acessíveis a pessoas de todas as idades e capacidades.
Apesar dessas barreiras, o interesse em implementar serviços de virtual care está aumentando, conforme evidenciado por 19% das organizações entrevistadas, que planejam oferecer esse tipo de serviço em breve. Especificamente, 23% das empresas públicas mostram maior interesse em implementar esses serviços nos próximos dois anos.
O serviço virtual no Brasil
Com base no estudo, geograficamente, México, Brasil e Estados Unidos se destacam como líderes na implementação da telemedicina, devido à sua avançada infraestrutura tecnológica, foco na praticidade e segurança para o paciente.
Nesse sentido, o Brasil enfrenta um desafio particular em termos de interoperabilidade (capacidade das aplicações e sistemas de trocar dados de maneira segura e automática), com um alto percentual de organizações que carecem de sistemas de informação interoperáveis.
Fatores como questões legais, falta de investimento e questões de cultura interna contribuem para essa lacuna. No entanto, é importante destacar que uma porcentagem significativa de organizações brasileiras opta por desenvolver serviços de atendimento virtual através de terceiros para garantir a continuidade do atendimento médico não presencial.
Segundo o estudo, 38% das organizações brasileiras desenvolvem seus serviços de virtual care empresas terceiras, 24% são de desenvolvimento interno, 10% oferecem serviços de outra empresa como parte de um convênio. Essa cifra pode ser atribuída a várias razões, como a complexidade e os custos de implementação, a falta de conhecimento sobre os benefícios da análise de dados ou a resistência à mudança por parte das empresas.
Habilitadores tecnológicos
Um dos principais habilitadores tecnológicos é a nuvem. A nuvem permite o acesso a dados, aplicativos e serviços a qualquer momento e em qualquer lugar, tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde. Na verdade, todas as organizações públicas de saúde que participaram do estudo utilizam esse ambiente tecnológico.
No entanto, ainda há um desafio que precisa ser enfrentado: a interoperabilidade. A capacidade de compartilhar informações entre os diferentes atores do setor é o que permitirá elevar a qualidade do atendimento a novos níveis de eficiência e precisão. Enquanto 23% dos entrevistados já resolveram essa questão, 25% ainda não começaram a enfrentá-la. Mas há uma tendência promissora, que é a colaboração entre grupos hospitalares, startups e organizações na área da telessaúde.
Outro impulsionador da digitalização para as organizações do setor é a cibersegurança: 60% das organizações adotaram soluções de cibersegurança para garantir a proteção das informações dos pacientes.
A revolução está em andamento. Os avanços são notáveis. E, além dos obstáculos, o potencial é enorme. A promessa de um sistema de saúde que não seja apenas eficiente e produtivo, mas também – e fundamentalmente – equitativo, acessível e inclusivo.
Para realizar o estudo foram enviados questionários a 62 líderes do setor de saúde da Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Itália, México, Peru e Portugal. Além disso, 13 líderes foram entrevistados para a coleta de dados qualitativos.