Operadoras podem perder mais de 2 milhões de beneficiários com a crise

Por Adriel Branco

Apresentamos na última semana O real impacto da crise do Coronavírus nas operadoras de saúde, discorrendo sobre alguns pontos que podem impactar econômica e financeiramente as Operadoras de Saúde. Hoje iremos aprofundar em um desses pontos, o aumento do desemprego e a redução das receitas.

Pelo último Boletim Focus (06/04), divulgado pelo Banco Central do Brasil (BCB), o mercado revisou sua expectativa de variação do PIB para 2020, estimando uma redução de 1,18% no ano, dessa forma, fica evidente a seriedade do momento que vivemos. Agora devemos nos perguntar: como a recessão afeta especialmente as Operadoras de Saúde? Para entender essa questão, devemos analisar dois efeitos da redução do PIB: a redução da renda e a redução do emprego.

O primeiro efeito se refere à redução da renda disponível pela redução da atividade econômica e aumento do desemprego. É razoável projetar que esse efeito cause um aumento de inadimplência no setor da saúde suplementar. Este fato, somado às iniciativas já existentes de impedir o reajuste dos planos de saúde e o aumento do prazo para suspensão dos usuários inadimplentes, aponta para a possibilidade de comprometimento da liquidez das operadoras.

O segundo efeito pode ser sintetizado pelo conceito econômico da Lei de Okun, que relaciona emprego e o PIB. Assim, com uma redução do PIB, espera-se um crescimento do nível de desemprego e, sabendo que 81% dos planos de saúde são coletivos por adesão e empresariais, espera-se também uma redução das carteiras das operadoras e consequente diminuição das receitas.

Vale apontar que existem restrições à aplicabilidade da Lei de Okun no curto prazo, como o de um ano e em casos de altos índices de desemprego, no entanto utilizamos a lei como referência teórica para simulação do modelo de sensibilidade dos planos de saúde em relação às variações do PIB.

O impacto do PIB no emprego está relacionado com a diferença entre o PIB potencial do Brasil e o PIB obtido pelo país. Como estamos realizando uma projeção, consideraremos a expectativa do PIB brasileiro para 2020 como o PIB realizado, e a estimativa do Ipea de 2,3% como o PIB potencial. Essa diferença é chamada de hiato, e consideraremos -3,48% (a diferença entre -1,18% estimado pelo BCB e o potencial de 2,3% estimado pelo Ipea).

Essa diferença será sujeita ao coeficiente de 1,2, que é a relação entre desemprego e PIB estimado pelo Bradesco e publicado pelo Valor Econômico, isso significa que, se o PIB aumentar 1%, a taxa de desemprego reduz em 1,2 pontos percentuais. Estimado o número de empregados, reduzimos o número de beneficiários de planos coletivos empresariais e em seguida, na mesma proporção, os demais planos. Ao fim, encontramos uma projeção de redução de 896.719 beneficiários, para um desemprego estimado de 15,2%.

No entanto, a expectativa de redução do PIB pode ser menor do que os -1,18% divulgados pelo BCB, devido ao aumento da extensão dos regimes de quarentena e conforme as novas informações de recuperação de mercado vão surgindo e um consenso em relação ao produto brasileiro. Para verificar a sensibilidade estimada das carteiras de planos de saúde à variação do PIB, avaliamos o impacto com um PIB mais negativo ou mais positivo.

Se o PIB cair 4%, estimamos uma taxa de desemprego de 18,6% e uma redução de 2.736.296 vidas, sendo grande parte delas de beneficiários jovens e saudáveis, o que aumenta a sinistralidade das operadoras. As operadoras terão que usar de medidas de austeridade e aumentar a eficiência para que possam superar esse período de crise.


*Adriel Branco é Diretor de Negócios da XVI Finance – Doutor, Mestre e Graduado em Administração e em Ciências Contábeis pela FEA-RP/USP, Professor nos MBA da USP de Ribeirão Preto, especialista em finanças e consultor de Operadoras de Saúde em Gestão, Estruturação Financeira e desenvolvimento de Projetos de Investimentos.

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