Política industrial na saúde é fundamental para resolver a principal preocupação do brasileiro
Apesar do acesso à saúde ser um direito garantido na Constituição, o tema é a maior preocupação dos brasileiros, segundo pesquisa publicada pelo Datafolha. Das 2.004 pessoas ouvidas em 135 cidades, com uma margem de erro de dois pontos para mais ou menos, 23% citaram a saúde como o principal problema do país, ficando à frente de outras responsabilidades do governo federal como, segurança e educação.
O resultado destaca a urgência de ações direcionadas para a melhoria do sistema de saúde, com foco especial para o setor de dispositivos médicos, crucial para a eficácia do sistema como um todo. Equipamentos e tecnologias médicas desempenham um papel essencial na prevenção, diagnóstico e tratamento de diversas condições médicas. A conscientização sobre a importância desse setor torna-se vital para abordar as lacunas existentes e aprimorar a eficiência do sistema de saúde brasileiro.
“Investimentos direcionados, políticas públicas claras e parcerias estratégicas são imperativos para fortalecer esse setor e garantir que a população tenha acesso a tecnologias médicas inovadoras e de qualidade. Isso porque o sucateamento dos hospitais barra o acesso a saúde. Ampliar o atendimento e proporcionar saúde de qualidade para a população brasileira passa por termos uma indústria de dispositivos médicos forte e que possa criar produtos e tecnologias adaptados para nossa realidade”, afirma Márcio Bósio, diretor institucional da ABIMO – Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos – associação que representa mais de 300 indústrias em todo país.
O diálogo entre autoridades de saúde, representantes da indústria de dispositivos médicos e a sociedade civil torna-se essencial para elaborar estratégias abrangentes e eficazes para haver sustentabilidade do sistema público de saúde e de valorização da saúde feita no Brasil, responsabilidade atribuída ao Grupo Executivo do Complexo Econômico e Industrial da Saúde – GECEIS. A promoção da inovação, a redução de barreiras à entrada no mercado e o incentivo à pesquisa e desenvolvimento são aspectos fundamentais para impulsionar o setor e garantir que ele esteja alinhado com as necessidades emergentes da sociedade.
Além de ser essencial para a saúde, o setor que inclui desde luvas e seringas, desfibriladores, válvulas, implantes cardíacos, ortopédicos e um conjunto gigantesco de outras tecnologias, é também uma área que gera muitos empregos e de atividade industrial de alta densidade em tecnologia e inovação. Por esses fatores, o Complexo Econômico-Industrial da Saúde é uma cadeia crítica que deve ser prioridade em uma política de desenvolvimento nacional. Uma indústria de dispositivos médicos consolidada e incentivada, a exemplo do que ocorre com outras cadeias produtivas, tem potencial para gerar um ciclo econômico virtuoso.
E, analisando pesquisas passadas, também do Datafolha, em setembro a saúde foi citada por 17% dos entrevistados e, em dezembro de 2020, no auge da pandemia da Covid-19, 30% apontaram a saúde como prioridade. E, foi nesse período que o setor de dispositivos médicos que desempenhou um papel crucial, fornecendo equipamentos como ventiladores pulmonares, bem como tecnologias essenciais para o diagnóstico, tratamento e monitoramento de pacientes.
Também é preciso ressaltar que, mais de 50% dos dispositivos médicos consumidos pelo segmento da saúde no país são importados. Embora a saúde seja uma força que corresponde a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional – e com potencial para ser ainda maior, dado o envelhecimento da população –, convive com um déficit comercial de US$ 20 bilhões em importações (2021).
“A construção de um sistema de saúde sustentável e resiliente passa necessariamente pelo desenvolvimento de uma indústria inovadora e com capacidade de atender as demandas da população brasileira”, finaliza Bósio.