Cenário atual da Telemedicina e o impacto das TICs no atendimento
Por Wellington Ávila
No passado não tão distante assim, era necessário para marcação de uma consulta ambulatorial ou de emergência, contatos telefônicos ou ir presencialmente até a unidade de saúde no qual se desejava ser atendido por uma determinada especialidade. Mas com a chegada da tecnologia da informação potencializando a indústria 4.0 em diversas áreas e setores, hoje é possível realizar todo e qualquer procedimento através de um aparelho celular.
A mudança do comportamento da sociedade digital na atual conjuntura e vem transformando a maneira com que é realizado o pleno emprego de recursos oriundos da tecnologia da informação, inclusive no que se refere no setor da saúde. Há um aumento significativo no atendimento on-line realizado por diversas operadoras de saúde e uma tendência confirmada de alta da telemedicina no Brasil.
A telemedicina surgiu de forma surpreendente para a sociedade, contribuindo de maneira ágil com pacientes e profissionais de saúde evitando grandes e demorados deslocamentos, garantindo riscos de contaminação do paciente e favorecendo nos demais fatores que envolvem o custo e benefício com reflexos diretos na comodidade.
Antes da pandemia da Covid-19, a modalidade de atendimento on-line era apenas uma opção, mas atualmente se tornou na vida do brasileiro uma forma de acessibilidade aos serviços de saúde através dos canais cibernéticos. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital ou Saúde Digital Brasil (SDB), anteriormente em outros anos, foram realizados mais de 7,5 milhões de consultas por meio da telemedicina, período correspondente ao pico da pandemia.
A modalidade vem aumentando e conquistando a sociedade da indústria 4.0 registrando resultados satisfatórios no setor pertinente aos profissionais das áreas envolvidos e pacientes em suas consultas.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), no ano de 2022, 33% dos médicos e 26% dos enfermeiros utilizaram os serviços de teleconsulta no Brasil, sendo um resultado surpreendente e inédito na pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos estabelecimentos de saúde brasileiros – TIC Saúde 2022.
A Lei nº 14.510/2022 ou Lei da Telessaúde sancionada pela Presidência da República em exercício em dezembro de 2022, possui como objetivo a regulamentação da prestação de serviços de saúde à distância por meio da prática conhecida como telessaúde no Brasil, viabilizada através do emprego dos recursos oriundos das tecnologias da informação e da comunicação, envolvendo outras áreas técnicas relacionadas para a garantia do seu funcionamento por meio de conexão segura que irão trafegar pacotes de dados e informações pertinentes aos pacientes. A marco regulatório da Lei é oriundo das experiências vivenciadas no cenário emergencial pandêmico, chamando atenção às autoridades da necessidade de utilização dos avanços das tecnologias na área de saúde.
Anteriormente, visando atender a demanda emergencial e dar prosseguimento à medicina do futuro, no dia 13 de dezembro de 2022, foi aprovado pela Câmara dos Deputados com alterações o Projeto de Lei (PL) nº 1998/2020 autorizando e disciplinando a utilização da prática da telessaúde em todo o território brasileiro. Visando a regularização de diretrizes na prestação de serviços remotos de saúde, além da alteração da Lei n° 8.080/1990 ou Lei Orgânica da Saúde, o PL aprovado revogou a Lei nº 13.989/2020, que autorizou a prática da utilização da telemedicina somente durante a pandemia. Assim que a Lei nº 13.989/2020 foi aprovada, houve um aumento significativo do número de atendimentos através da telemedicina, o que garantiu na época a acessibilidade de grande parte da população brasileira aos processos assistenciais pertinentes aos sistemas de saúde.
Segundo a SDB, com a prática da telemedicina no país, além da satisfação dos pacientes por ter seus problemas solucionados, muitas vidas foram salvas com o emprego das tecnologias das informações digitais na saúde.
Portanto, os serviços de telessaúde no Brasil tem gerado resultados surpreendentes para todo o setor, de maneira a padronizar o protocolo de atendimento, ampliação e acessibilidade à saúde para todos, otimização de processos, revisão de fluxos, discussão de casos clínicos, entre outros benefícios que garantem uma evolução contínua no que tange o atendimento ao paciente.
As instituições de saúde, precisam compreender que o mercado pertinente à saúde digital está dominando a nova era compreendida como a indústria 4.0 e tudo que a permeia, isso por proporcionar a utilização de recursos tecnológicos unidos à Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), Design Thinking, entre outros nas operações hospitalares, variando até os aplicativos móveis de saúde, dispositivos vestíveis de monitoramentos e conexões de telemedicina, tendo como principais aliados até o paciente, os dispositivos tecnológicos conectados à rede internet. Trata-se de um perfeito cenário que resulta em benefícios para as instituições e profissionais de saúde, tendo como destaque o aumento do bem-estar e vida mais saudável para o usuário final, ou seja, o paciente.
*Wellington Ávila é Consultor em Governança Corporativa de Tecnologia da Informação e Cybersecurity, pesquisador Sênior do DCiber e Professor Universitário.