69% das mulheres se consideram bem-informadas em relação ao câncer de mama
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum nas mulheres e a principal causa de morte entre elas¹. Diante disso, a informação e o diagnóstico precoce podem ser cruciais na luta contra a doença. De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, encomendada pela Gilead Oncology, da Gilead Sciences Brasil, 98% das entrevistadas estão cientes do assunto devido a campanha Outubro Rosa. Os resultados foram apresentados durante o 10º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), realizado em São Paulo (SP). Embora 69% se consideram bem-informadas sobre o câncer de mama, somente 11% sabem apontar o tipo de tumor de mama ou estágio da doença.
A palestra satélite intitulada Pesquisa Datafolha: O que as mulheres brasileiras sabem sobre o câncer de mama e o que podemos absorver em prol da equidade na saúde?”, concentrou-se não apenas na compreensão das mulheres brasileiras em relação ao câncer de mama, mas também nas perspectivas para promover a igualdade na área da saúde. A discussão contou com a participação de Luciana Holtz, fundadora e Presidente do Instituto Oncoguia, que atuou como moderadora do evento; Paulo Alves, representante do DataFolha; Ana Amélia Viana, médica oncologista do Comitê de Diversidade da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Carolina Magalhães, jovem que enfrentou a doença aos 29 anos e é idealizadora do Projeto Se Cuida, Preta, cujo objetivo é proporcionar acolhimento, informação, visibilidade e voz às mulheres negras que lutam contra a patologia.
O debate trouxe luz à falta de equidade na saúde quando comparada às populações mais vulneráveis. Entre as participantes, 57% são mulheres negras e 31% pertencem às classes D/E, caracterizadas por níveis mais baixos de escolaridade. A pesquisa revela o quanto esta população tem menos informação e menor acesso e facilidade de encaminhamento para exames preventivos.
Desigualdade social contribui para a falta de conhecimento
Nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, por exemplo, cerca de 49% das mulheres reconhecem que têm conhecimento limitado ou insuficiente sobre a doença. Entre as mais jovens, com idades entre 25 e 29 anos, esse índice atinge 45%. Além disso, outras categorias que demonstraram enfrentar desafios na obtenção de informações adequadas foram pessoas das classes D/E (42%); as que possuem apenas o ensino fundamental (36%); e mulheres negras (35%).
“A pesquisa reforça a difícil realidade das desigualdades existentes em nosso país até mesmo em relação ao acesso à informação. O desafio também existe com relação aos exames, especialistas e tratamento. Há que se seguir informando e conscientizando todas as mulheres sobre o autocuidado das mamas e sobre o câncer de mama, destaca Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia.
Prevenção e diagnóstico
Quando se trata de prevenção da doença, 7 em cada dez entrevistadas realizaram consultas com ginecologistas no último ano. Essa taxa aumenta para cerca de 80% entre as classes mais altas e com maior escolaridade, enquanto 2% das entrevistadas afirmam nunca terem ido ao ginecologista. Segundo a pesquisa, o Sistema Único de Saúde (SUS) é a principal fonte de atendimento médico para a maioria das entrevistadas, representando 75%. Vale ressaltar que muitas mulheres utilizam mais de um tipo de atendimento, tornando o sistema uma opção amplamente acessada. Os planos de saúde privados e atendimento particular representam 20% e 18%, respectivamente.
Mamografias, exames clínicos e autoexame são realizados por cerca de dois terços das mulheres quando estimuladas. No entanto, alguns exames, como a mamografia, são mais frequentes entre as mulheres com idades entre 40 e 59 anos, bem como entre as classes A/B e com níveis mais elevados de escolaridade. Isso destaca a necessidade de alcançar mulheres de todas as idades e grupos socioeconômicos com programas de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.
A pesquisa também aponta que 49% das mulheres fazem o exame de mamografia regularmente, sendo 60% delas das classes A/B, enquanto 37% são das classes D/E. Duas em cada dez entrevistadas mencionaram que o exame foi realizado porque o médico solicitou (20%), enquanto 16% afirmaram que o fizeram devido à sensação de um caroço ou nódulo.
“Identificar a condição em estágios iniciais pode elevar significativamente as chances de sobrevida das pacientes, e, por isso, ressaltamos a grande importância da conscientização e realização de exames regulares. A detecção precoce não apenas salva vidas, mas também oferece esperança de uma melhor recuperação para as mulheres que enfrentam o câncer de mama. O diagnóstico precoce também depende de exames clínicos de rotina que precisam ser incorporados pela mulher e isso se faz possível com acesso à informação de qualidade e meios igualitários para realização de exames e tratamentos”, explica Rita Manzano Sarti, Diretora Médica Sênior da Gilead Sciences Brasil.
Iniciativas para equidade da saúde em populações mais vulneráveis
A palestra no TJCC teve um segundo painel que reuniu a Deputada Federal Silvia Cristina, legisladora fortemente engajada com importantes pautas da Oncologia; Cristiano de Pádua, Oncologista Clínico do Grupo da Mama do Hospital de Amor e Alessandra Morelle, Oncologista do Grupo Oncoclínicas e idealizadora da plataforma Thummi.
Foram destacadas iniciativas e o compromisso tanto do Legislativo Federal quanto de entidades ligadas à saúde pública e privada em prol das mulheres brasileiras, independentemente de sua classe social, cor ou raça, idade e nível de escolaridade. Adicionalmente, Alessandra apresentou um projeto-piloto inovador referente a um aplicativo que possibilita o acesso e o acompanhamento remoto por parte dos médicos na jornada das pacientes oncológicas, incluindo as que enfrentam o câncer de mama.
Conversa sobre terapia celular: A Jornada do Paciente
A Kite, empresada Gilead, patrocinou o painel “Conversa sobre terapia celular: a jornada do paciente”, com a abertura do gerente geral da Região Intercontinental, Diego Santoro. A CEO da Abrale, Catherine Moura, apresentou o papel da associação de pacientes nesta jornada. Já as enfermeiras Cristina Vogel (Hospital Israelita Albert Einstein) e Raquel di Mambro (Núcleo de Hematologia e Transplante de Medula Óssea de Minas Gerais) abordaram o papel dos cuidadores na jornada do paciente de linfoma tratado com CAR-T.
“A discussão sobre os desafios da jornada do paciente com câncer é fundamental para ampliarmos o alcance das informações e fortalecermos a conscientização em todo o ecossistema de saúde”, afirma Catherine Moura.
Metodologia da pesquisa Datafolha
A pesquisa foi realizada por um grupo de mulheres com idades entre 25 e 65 anos, apresentando uma média de idade de 43 anos. O estudo envolveu entrevistadas de diversas classes sociais, com uma representação de 48% na classe C, 36% nas classes D/E, 15% na classe B e 2% na classe A. Também abrangeu pessoas do sexo feminino de diversas localidades, incluindo cidades grandes e pequenas, capitais e regiões interiores, com uma distribuição geográfica de 43% na região Sudeste, 26% no Nordeste, 16% na região Norte/Centro-Oeste e 14% na região Sul.
No total, foram realizadas 1.007 entrevistas em um estudo quantitativo conduzido entre 24 de novembro e 14 de dezembro de 2022. O questionário teve uma duração média de 18 minutos e os resultados apresentaram uma margem de erro de até 3%, com um nível de confiança de 95%.