O brasileiro quer saber de onde vem o IFA que consome
Por Marcelo Mansur
Uma pesquisa encomendada pela Nortec Química, maior fabricante de IFAs da América Latina em maio deste ano e aplicada pela IQVIA Consumer Health, empresa líder global especializada no comportamento do consumidor da saúde, mostrou que muitos brasileiros ainda não compreendem a importância dos insumos farmacêutico ativos (IFAs) utilizados em suas medicações. Dos mil participantes, cerca de 81,6% querem entender de onde vem os IFAs e 74,9% dos entrevistados desconhecem o que são tais insumos.
É interessante relembrar que este tema esteve em destaque no auge da pandemia, época em que a imprensa, nacional e internacional, falou sobre a falta de IFAs para medicações e vacinas essenciais à população. No entanto, os dados coletados apontam para a desinformação do público sobre o IFAs, ou seja, de um produto fundamental e com impacto direto no sistema de saúde brasileiro.
Dos que participaram, 65% não sabem que o Brasil é responsável por 5% dos IFAs utilizados na indústria farmoquímica e farmacêutica nacional, enquanto 79,8% responderam que se sentiriam mais seguros se o IFAs utilizado fosse nacional.
Esses números comprovam a relevância de educar o brasileiro sobre os IFAs. Isso deve ser feito em várias frentes de forma frequente e com profundidade pela imprensa, em debates governamentais, faculdades, eventos e academias. Tais iniciativas vão ampliar as discussões em relação à sua importância estratégica para o país, da mesma forma como ocorreu com outros tópicos sensíveis, à exemplo dos medicamentos genéricos.
Além disso, a população deve ser cada vez mais conscientizada que, mesmo que grande parte dos IFAs utilizados no Brasil venham do exterior, a fabricação dos medicamentos é feita em solo brasileiro e possui impacto considerável, principalmente na rede pública de saúde. Só o programa Farmácia Popular, do Sistema Único de Saúde (SUS), é responsável pela distribuição de mais de 14 bilhões de fármacos a 4.397 municípios, muitos deles fabricados no Brasil. A indústria farmoquímica e farmacêutica nacional abrangem diversas etapas que resultam no medicamento que chega aos consumidores. São produtos confiáveis, testados e regulamentados.
Os dados apresentados pela IQVIA são um convite à reflexão de todo setor, principalmente relacionado aos próximos passos para diminuir a dependência do país para um produto tão estratégico além da geração de empregos, reindustrialização do país, ampliação de tecnologias nacionais e garantia de abastecimento.
Seja como for, acompanharemos de perto a evolução deste cenário, assim como debates e projetos que beneficiam e expõem o verdadeiro potencial da indústria farmoquímica nacional.
*Marcelo Mansur é diretor-presidente da Norte Química S/A.