Gestão de compras e estoque de medicamentos oncológicos
Por Janaína Freitas
Com a incorporação e obrigatoriedade dos medicamentos no Rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é importante que metas sejam estudadas e definidas prévia e estrategicamente a fim de que a gestão e o estoque de medicamentos oncológicos, especialmente na saúde suplementar, sejam exitosos. Nessa lista merecem atenção especial as drogas de alto custo, que possuem alta tecnologia e valor agregado, como os antineoplásicos. Estes, assim como outros utilizados em tratamentos neoplásicos, representam elevado custo para o sistema de saúde brasileira, tanto para o Sistema Único de Saúde (SUS), como para o Sistema de Saúde Suplementar.
A garantia da disponibilidade dos medicamentos de suporte à quimioterapia e para cuidados paliativos também se apresenta de forma imprescindível para a aplicação correta dos protocolos e para o controle de sintomas e bem-estar dos pacientes. Assim sendo, uma boa aquisição de medicamentos deve, à princípio, levar em consideração algumas questões: o que comprar, quanto, quando e como comprar. O devido monitoramento e a avaliação dos processos são fundamentais a fim de melhorar o gerenciamento da aquisição e intervenção nos problemas pontuais, quando necessário. Destaco ainda que o gerenciamento do estoque é uma ferramenta essencial para as organizações públicas ou privadas, por visar a redução de custo e o controle efetivo dos recursos financeiros e materiais.
Se faz, então, primordial dotar de pleno conhecimento sobre todos os mecanismos do processo, de forma direta e indireta, o que refletirá na prestação da assistência de excelência ao paciente. Além disso, o regime de compra de medicamentos é algo complexo e envolve necessariamente um conjunto de exigências administrativas a serem devidamente cumpridas. Essa situação pode ser agravada quando não existe a prioridade de assegurar o medicamento à população, aliada a dificuldade de tomada de decisão sob pressão pela ausência do mesmo, levando, consequentemente, a maior possibilidade de a compra ser efetivada em condições adversas e com custos financeiros muito mais impactantes para o caixa da empresa.
A ausência de planejamento de compra e controle de estoque pode acarretar enormes irregularidades no abastecimento, bem como sérios riscos de desperdícios de recursos, visto que a aquisição em menores volumes e, principalmente, em regime emergencial, tendem a apresentar valores abusivos. Assim, a partir da otimização do processo de compras, é possível organizar e provisionar os recursos, bem como racionalizar o quantitativo de itens a serem obtidos. Na prática, o planejamento estratégico, além de ser mais seguro para a empresa, não compromete a sustentabilidade do negócio.
Uma gestão eficiente de compra de medicamentos, demanda de pessoas qualificadas, um sistema que integre toda a cadeia de suprimentos, além da presença de uma estrutura mínima e adequada que possa vir a contribuir terminantemente com a melhoria do acesso, resolubilidade dos problemas rotineiros, bem como a racionalização dos procedimentos de compra/dispensação gerando grande impacto positivo na cobertura assistencial. Assim, ampliar os recursos para compra de medicamentos sem a devida organização e estrutura em relação aos medicamentos e assistência farmacêutica é aumentar a probabilidade de riscos de desperdícios.
*Janaína Freitas é Supervisora de Suprimentos da Unimed Nova Iguaçu.