O impacto da desnutrição hospitalar na saúde do paciente
A maioria das pessoas associa a desnutrição à fome, causada principalmente por questões sociais-econômicas, ou às dietas inadequadas de emagrecimento, mas essa grave condição também acomete pacientes hospitalizados.
No Brasil, a taxa de desnutrição em adultos hospitalizados varia entre 20% e 60%, segundo dados da BRASPEN (Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral). Essa incidência crítica traz relevância e atenção para o junho verde, mês de conscientização da desnutrição hospitalar.
Entre os pacientes mais prejudicados com essa condição estão os idosos, recém-nascidos prematuros e crianças, mas qualquer paciente com doença grave ou internação prolongada são suscetíveis à condição, inclusive os obesos.
Sabe-se que a desnutrição pode acometer até 50% das pessoas que chegam no hospital com uma doença infecciosa, um trauma, câncer, queimadura, uma necessidade de cirurgia. Isso acontece porque o corpo apresenta uma resposta inflamatória que pode nos levar a uma piora do nosso estado nutricional. Naquelas mais graves ou com internação prolongada as taxas de desnutrição alcançam 80%.
Mas quais os riscos para os pacientes desnutridos? Pacientes desnutridos apresentam maiores taxas de infecção hospitalar, dificuldade na cicatrização de feridas e internações mais prolongadas. Além disso, quando recebem alta, podem ter muitas vezes dificuldade para caminhar, para comer ou trocar de roupas sozinhos. A retomada no emprego muitas vezes é demorada, e o desempenho prejudicado.
Na verdade, a nutrição é uma ferramenta essencial para a recuperação do estado nutricional dos pacientes hospitalizados. É importante notar que no hospital, as necessidades dos pacientes são muito maiores do que quando estão em casa, saudáveis. Muitos pacientes ficam ainda, em jejum prolongado no hospital, o que agrava a desnutrição. Os pacientes que não conseguem comer o suficiente para atingir suas necessidades nutricionais precisam ser suplementados.
E aqueles em risco de desnutrição, com contraindicação à nutrição pela boca, devem receber nutrição por sonda (enteral) ou pela veia (parenteral) de forma precoce. Essa é uma estratégia eficaz, segura e às vezes única para minimizar a perda de peso e de massa muscular.
É preciso chamar a atenção da população e dos profissionais de saúde da dimensão e do impacto desse problema. Queremos que a nutrição hospitalar seja encarada como remédio. Essa terapia precisa estar disponível em todos os serviços de saúde e os profissionais de saúde atentos a sua indicação para recuperar o estado nutricional dos pacientes e reduzir os impactos da desnutrição.
*Rodrigo Costa Gonçalves é Nutrólogo e Nefrologista.