Como engajar colaboradores num universo tão diverso e conectado
Por Andre Vivan
Que o mundo está cada vez mais conectado, nós já sabemos. Mas, a minha reflexão é qual o impacto que esta conectividade tem nas pessoas e nas relações. Como CEO, e liderando equipes há mais de 20 anos, percebo que todos nós temos diferentes reações frente à tamanha disponibilidade de informação, dados e possibilidades. Podemos usar toda essa diversidade e conectividade a nosso favor e alcançar nossa máxima potencialidade, mas também é possível “congelar”, sem clareza do caminho a seguir.
O que eu gostaria de provocar aqui, e tento fazer diariamente com minha equipe, é ter clareza do papel que temos, como líderes, em um universo tão diverso e conectado. Estamos ajudando nosso time a navegar neste novo mundo? Estamos atentos ao seu desenvolvimento e os expondo a desafios que vão agregar na construção da sua própria avaliação de risco e tomada de decisão ágil?
Quando não os preparamos para serem autônomos, eu costumo dizer que eles precisam sempre de uma “cognição emprestada”. E podemos ter uma fórmula perigosa se unimos colaboradores com extrema dificuldade para usar a própria cognição e suas expertises para tomar decisões estratégicas, e lideranças apegadas a cargos, rotinas e jobs descriptions. Deixamos de ter um ambiente diverso, onde todos usam suas próprias habilidades para tomar decisões, e passamos a reproduzir exatamente o que se supõem ser o que esperam de nós, e assim, não evoluímos, não desafiamos o status quo e perdemos muito em engajamento, inovação e performance.
Mas, infelizmente, não há uma fórmula pronta para que, em tempos tão dinâmicos, a gente consiga engajar todo o time. Essa é uma verdade imutável. O que eu posso dizer, baseado no que vivi até aqui, é que o principal é respeitar e incentivar a individualidade, o talento e a “vocação” de cada integrante e, ainda, dar clareza dos cenários, objetivos e desafios que precisaremos enfrentar. Como? Conhecendo seu time. Estabelecendo uma relação de confiança, abrindo espaço, escutando e desafiando. Fazendo pensar.
As coisas só se movem com pessoas. Elas são a base de tudo.
Outro ponto primordial, que não poderia deixar de mencionar para a tomada de decisão e a aceitação dos riscos, é o entendimento do propósito. Além de uma excelente liderança, precisamos de um sentimento de propósito bem estabelecido para dar sentido ao que fazemos todos os dias. O profissional precisa se sentir parte integrante da organização e enxergar a sua proposta de valor naquele ecossistema de forma tangível.
Para finalizar minha reflexão, reforço que para correr riscos e trazer inovação, nosso time precisa se sentir seguro. Vivemos hoje preocupações que vão muito além de performance e faturamento, e isso acaba deixando o profissional engessado e apegado a fórmulas que muitas vezes criam entraves para a tomada de decisão. Mais do que pensar em receitas de bolo para engajar e ter uma equipe de alta performance, é preciso estar aberto ao diálogo e saber que tudo é construído com tempo, empatia, confiança e um ambiente seguro.
*Andre Vivan é CEO da GSK Brasil.