UNIDAS lança projeto para implementar remuneração por desfecho clínico
Transformar a maneira como o mercado remunera os tratamentos médicos para oferecer desfechos clínicos melhores e mais eficientes para os pacientes da saúde suplementar: esse é o objetivo da UNIDAS – União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde – ao lançar o primeiro projeto de cuidados para pacientes com remuneração para os prestadores baseado na entrega de valor. A entidade lançou, junto com oito operadoras de autogestão, um projeto piloto com foco em dar os primeiros passos para a implementação do VBHC (Value Based HealthCare) no Brasil.
“O VBHC deve ser o modelo que predominará no mercado nos próximos anos, e queremos ser os protagonistas deste processo de mudança. Acreditamos em privilegiar o desfecho clínico, oferecendo valor e saúde ao beneficiário”, afirma Anderson Mendes, presidente da UNIDAS.
Anderson explica que o VBHC é um modelo colaborativo, no qual prestador e operadora trabalham juntos para entregar o cuidado ideal para o paciente. “No VBHC, o parceiro tem autonomia para escolher o protocolo que ele entende ser mais apropriado ao paciente. Não há uma imposição, pois operadora e prestador discutem o caminho ideal para gerar melhores resultados”, diz.
Para a adoção desse método, a UNIDAS desenvolveu o conceito de Escritório de Valor em Saúde, unidade que terá como foco a criação de um modelo de cuidado no qual o desfecho clínico – a eficiência no tratamento dado ao paciente – será o protagonista, substituindo o atual modelo (fee for service), que foca apenas na remuneração por procedimento realizado.
O projeto está sendo executado em parceria com a 2iM, empresa especialista em gestão de saúde, e focará nos cuidados em pacientes com câncer de próstata, em uma primeira fase. Participam da iniciativa as seguintes operadoras de saúde: CASSI, Saúde Petrobrás, Cemig Saúde, Pasa, Fundação Copel, Abertta Saúde, Capesesp e Vivest.
O modelo, criado pelo professor da Universidade de Harvard, Michael Porter, foca em prestar uma assistência melhor ao paciente e evitar prejuízos e já é adotado em países da União Europeia e nos Estados Unidos. Segundo o presidente da UNIDAS, o projeto irá definir uma série de indicadores para fazer a medição da entrega de valor ao paciente.
“Muito além dos custos, queremos melhorar os desfechos clínicos. Por isso, selecionamos critérios como o NPS, tempo médio de internação, nível de dor sentida pelo paciente, reinternações, para medir se aquele tratamento está sendo mais efetivo. Ou seja, se está tratando melhor o paciente, com um custo mais adequado”, explica. “Assim conseguiremos comparar protocolos para entender que prestador foi melhor em equilibrar eficiência na cura e custos do tratamento”, complementa Mendes.
Na linha de cuidados escolhida pela UNIDAS para a implementação do Escritório de Valor em Saúde da entidade – o câncer de próstata – alguns fatores que podem ser analisados são, por exemplo, qual tratamento é mais recomendado ao paciente, com participação dele na decisão, podendo ser inclusive não tratar, se o paciente desenvolveu ou não incontinência urinária ou impotência após a intervenção. “O atual modelo, fee for service, é um incentivo ao desperdício, já que recebe mais quem faz mais procedimentos. No VBHC, ganha mais quem é mais eficiente”, finaliza.
Principais características do modelo VBHC
- Foco no paciente;
- Pagamento variável – quem entregar um resultado melhor, de maneira mais eficiente, ganha mais;
- Prestador tem maior autonomia para definir o protocolo clínico adequado;
- Risco é compartilhado entre a operadora de saúde e o prestador de serviço;
- Encoraja a redução do desperdício, pois a economia gerada é também compartilhada;
- Incentivos financeiros para reduzir custos e melhorar os desfechos e a experiência do paciente.