Busca por medicamentos à base de cannabis para tratar saúde mental cresce em 500%
A cannabis medicinal tem se tornado cada vez mais utilizada como tratamento para diversas doenças psicológicas, principalmente ansiedade e depressão. A Remederi, farmacêutica brasileira, aponta que, em 2022, a procura aumentou 500%. De acordo com Fabrízio Postiglione, CEO da Remederi, esse crescimento pode ser explicado pela qualidade das informações sobre o tema atualmente, além da adesão maior por parte dos médicos, em decorrência dos excelentes resultados obtidos com a cannabis. “Hoje nós percebemos que as pessoas estão mais engajadas no tema. Por isso, o número de profissionais aptos a receitar esse tipo de medicamento vem aumentando para suprir essa nova demanda de pacientes”, explica.
O comerciante Paulo Gremaschi Neto conheceu o método de tratamento por indicação de um amigo que é médico prescritor de cannabis. “Liguei para conversar e acabei comentando da minha ansiedade, que piorou muito depois que tive Covid. Logo, ele me indicou fazer uma avaliação para iniciar o tratamento com canabidiol”, conta.
Paulo ressalta que fez todos os procedimentos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recebeu o produto, importado dos Estados Unidos, cerca de 20 dias depois da solicitação. De acordo com ele, o tratamento começou há cerca de um mês e meio e os efeitos positivos do medicamento começaram a ser notados depois de três dias.
Para o comerciante, a cannabis foi uma alternativa que mudou sua vida, pois estava acima do peso e desacreditado de si mesmo. “Eu achava que só era usado em pessoas com epilepsia e câncer. Por ser muito ansioso, eu tinha compulsão alimentar, comia 8 barras de chocolate e tomava 10 latas de refrigerante por dia. Hoje, eu tenho autocontrole e estou recuperando minha saúde”, explica.
Um levantamento feito pela Universidade de São Paulo (USP) evidenciou uma diminuição de 60% dos sintomas de ansiedade e 50% de depressão em pessoas que utilizaram os medicamentos à base de cannabis. Considerando o contexto da pandemia da Covid-19, são resultados promissores, já que a prevalência mundial de ansiedade e depressão aumentou cerca de 25%.
Em linhas gerais, o paciente experimenta uma diminuição da tensão, melhora do relaxamento da musculatura, diminuição do excesso de pensamentos e da sensação de esgotamento mental. Não possui receptores nos neurônios da ponte e bulbo encefálico, regiões responsáveis pela manutenção das funções cardiorespiratórias. Por isso, é uma substância que não gera risco de overdose.