Governança na área de saúde: o que faz a diferença?
Por Sidney Klajner
Nas mais diversas áreas, vemos exemplos de empresas visionárias que, além da excelência em suas atividades, procuram gerar impactos mais amplos para o país e a sociedade. No campo das instituições de saúde, isso significa proporcionar o melhor cuidado para seus pacientes e também liderar iniciativas que ajudem a superar os imensos desafios que temos no Brasil, como as desigualdades no acesso à saúde e na estrutura de recursos disponíveis nas diferentes regiões.
Mais que boa vontade, caminhar nessa direção exige estratégias consistentes e um modelo de governança fincado em bases sólidas, como o conceito Triple Aim (Tripla Meta), do Institute for Healthcare Improvement (IHI), organização sem fins lucrativos que atua com o objetivo de promover avanços e melhorias nos sistemas de saúde do mundo todo.
Adotadas pelo Einstein como base de sua governança, as três metas do IHI referem-se à experiência do paciente (o que abrange a qualidade e segurança da assistência e também a forma como é cuidado e respeitado em suas preferências e individualidades); à promoção da saúde populacional (incluindo prevenção de doenças e controle das enfermidades crônicas); e ao combate a desperdícios (evitando, por exemplo, exames e procedimentos desnecessários ou a incorporação de tecnologias que não agregam valor para o paciente). Esses elementos permeiam todas as atividades do Einstein. Os projetos de seu Escritório de Melhoria de Processos, por exemplo, estão vinculados a uma ou mais metas do IHI.
A expertise acumulada é compartilhada com outras organizações. Por meio da Academia Einstein de Excelência Operacional, são oferecidos cursos e consultoria para o processo de transformação operacional e cultural de instituições de saúde. Já o Escritório de Excelência Einstein desenvolve projetos colaborativos com instituições públicas e privadas para auxiliá-las no alcance de resultados sustentáveis, além de gerar conhecimento e soluções aplicáveis em larga escala. Uma dessas atividades colaborativas, finalizada em 2021, reduziu em 56% a taxa de mortalidade materna relacionada a condições potencialmente ameaçadoras à vida em 19 hospitais privados com leitos públicos de sete estados.
Mais recentemente, o IHI definiu duas metas adicionais: alegria no trabalho (experiência do colaborador) e equidade em saúde. Ambas fazem parte da vida do Einstein há anos. Para os colaboradores e familiares, são destaque os programas e estruturas voltados à promoção da saúde e à atenção primária e o programa de saúde mental. O Einstein também atende empresas e outras organizações com esse modelo de assistência que traz ganhos para todos: aos colaboradores, com o cuidado de sua saúde; à empresa, com mais produtividade e menos afastamentos; e ao sistema de saúde, com menos doenças graves que exigiriam tratamentos mais caros e complexos.
Em relação à promoção da equidade em saúde, um bom exemplo são as 27 unidades públicas de saúde administradas pelo Einstein. Nelas, os protocolos assistenciais e políticas de qualidade e segurança são os mesmos adotados nas unidades próprias. É isso que garante, por exemplo, que um paciente oncológico do Hospital Municipal Vila Santa Catarina seja tratado com os mesmos padrões de excelência daquele que é atendido no Einstein do Morumbi (SP) ou de Goiânia.
Pela forma como incorporou as metas do IHI e por sua influência nos demais países da região, o Einstein tornou-se, desde 2013, parceiro estratégico do Institute for Healthcare Improvement na América Latina. Em conjunto, eles realizam projetos colaborativos, cursos e eventos, como o Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança Einstein-IHI, que terá sua 7ª edição em setembro, com o tema Beyond ESG. São iniciativas que vão transformando a realidade da saúde, compartilhando aprendizados e contribuindo para que mais atores trilhem os caminhos que levarão a um futuro da saúde mais inclusivo, equânime e sustentável.
*Sidney Klajner é presidente do Hospital Israelita Albert Einstein.
**Artigo publicado originalmente na Revista Medicina S/A, edição 20.
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