A relevância do Setor Suplementar na assistência à saúde
Por Joé Sestello
A Saúde Suplementar fechou 2021 com um número expressivo: 48.995.883 beneficiários, um crescimento de 3,2% em relação ao ano anterior. A informação é da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS e, segundo o órgão, o setor alcançou o melhor índice desde 2015, quando o número de clientes de planos de saúde chegou a 49.191.957. A pandemia pelo novo coronavírus acelerou a busca pela garantia e qualidade da assistência à saúde, tornando o plano de saúde o segundo item mais cobiçado pelos brasileiros, perdendo apenas para a casa própria.
Na prática são quase 50 milhões de brasileiros que não dependem do Sistema Único de Saúde – SUS, mesmo com a garantia dada pela Constituição de 1988. O segmento, além de auxiliar a desafogar a rede pública de saúde, permitindo ao governo acumular recursos e energia a serem aplicados na assistência à população de menor renda, tem um papel relevante no incremento da economia do país. Os planos de saúde realizaram 1,3 bilhão de procedimentos – entre consultas, exames, terapias, cirurgias e procedimentos odontológicos – em 2020, conforme levantamento da ANS. Podemos imaginar quantos empregos diretos e indiretos são gerados, além do montante em impostos arrecadados.
O investimento no setor também chama a atenção. Em 2007, a receita da Saúde Suplementar foi em torno de R$ 52 bilhões para atender 47,8 milhões de beneficiários. O Ministério da Saúde por sua vez direcionou recursos na ordem de R$ 32,7 bilhões para atender 136,2 milhões de brasileiros. Trata-se de um disparate se considerarmos que, aproximadamente, R$ 1.083,00/ano foram destinados por beneficiário na saúde privada, enquanto o Governo Federal investiu para cada cidadão na saúde pública o montante de R$ 240,00/ano. Com a pandemia toda a sociedade precisou refletir sobre o funcionamento, as demandas e as dificuldades de acesso ao SUS. Este cenário reforça a urgência de o governo olhar a Saúde Suplementar como um aliado. É cada vez mais inequívoca a necessidade de a saúde pública e privada trabalhem em parceria, de maneira complementar e coordenada.
Mesmo com o seu papel estratégico, constata-se ainda a carência de políticas de incentivo por parte do Governo Federal com a meta de criar condições favoráveis para que um número mais expressivo de pessoas possa ser absorvido pelo mercado privado. Mesmo com desafios, a estrutura de assistência da saúde privada possui uma enorme relevância no sistema de saúde brasileiro. O SUS, por sua vez, também tem seus méritos e problemas.
Com o envelhecimento da população, o avanço da tecnologia, bem como outros agravos, faz-se premente a discussão ampla deste assunto, envolvendo Congresso Nacional, entidades do setor e operadoras de planos de saúde. Construir novos caminhos para o segmento será salutar, essencialmente, para a população brasileira que paga, de alguma forma, essa pesada conta.
*Joé Sestello é Diretor Presidente da Unimed Nova Iguaçu.