Com a alta dos planos, o apoio ao SUS será fundamental
Por Rafael Teixeira
Nos próximos anos, ou os convênios vão mudar drasticamente sua forma de atuação e cobrança, reduzindo serviços para conseguir diminuir as mensalidades, ou vão acabar. E isso está longe de ser um alarmismo. É uma tendência que a cada dia se evidencia mais: hoje a grande maioria dos convênios médicos cobra muito e oferece pouco. Com isso, o Sistema Único de Saúde (SUS) vai ser o grande responsável por absorver toda essa demanda de pacientes e vai necessitar do apoio da rede privada. É neste momento que as clínicas de medicina acessível terão um papel chave nessa questão.
Em uma entrevista recente, a Dra Lígia Bahia, que é especialista em Saúde Pública e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, falou sobre como os planos de saúde de terceira linha atendem 80% das pessoas com convênio. De acordo com a pesquisadora, com menos opções de médicos, hospitais e laboratórios, esses planos acabam falhando de alguma forma com o paciente, que precisa recorrer ao SUS, ou seja, 80% das pessoas que contam com planos de saúde, em algum momento, vão precisar do sistema público para atender suas necessidades.
O rendimento domiciliar per capita do Brasil em 2021, de acordo com o IBGE, foi de R$ 1367,00. O valor, que é 0,94% menor do que em 2020, diz respeito à quanto, em média, cada pessoa de um mesmo domicílio recebe por mês. Também no ano passado, um plano de saúde com serviço hospitalar e ambulatorial custava, em média, R$ 800, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com o aumento aprovado para este ano, de 15,5%, a média deve ir para R$924,00. Estamos falando de um comprometimento de mais de 67% da renda.
Quando mais os planos subirem, mais pessoas vão deixar de pagar. E quanto mais pessoas desistirem dos convênios, menos cobertura eles terão – e mais caro custarão. É nesse cenário que a “previsão” do início desse artigo começa a se tornar real. É um ciclo, que parece cada vez mais próximo e que tende a sobrecarregar o SUS, que é um sistema de saúde excepcional, mas não tem capacidade para absorver uma demanda tão grande, principalmente se contarmos o atendimento primário, como clínico geral, ginecologista, pediatra, entre outros.
É aí que o serviço ofertado pelas clínicas de medicina acessível, que nos últimos anos tem se consolidado como um suporte fundamental para a rede pública, vai se tornar ainda mais essencial. O paciente, que recebe em média R$ 1.367 reais por mês, não pode (nem quer) pagar R$ 800 reais de convênio ou R$ 500 reais em uma consulta particular. Ele precisa e deseja uma alternativa que seja mais acessível e que não tenha um tempo de espera tão grande. Com consultas mais baratas e agilidade para a marcação de consultas, as clínicas acessíveis podem se tornar a solução desse quebra-cabeças.
*Rafael Teixeira é CEO e Cofundador da Clínica da Cidade.