Uso de Cannabis medicinal no Brasil dobra em 2021
As vendas de produtos à base de cannabis medicinal de importação, regulamentado pela RDC 660/2022, da Anvisa, apresentou alta de 110% em 2021 em relação a 2020, apontam dados da Anvisa compilados pela BRCANN, Associação Brasileira da Industria de Canabinoides. Foram concedidas 40.191 novas autorizações para importação destes produtos no ano passado contra 19.150 em 2020, o que representa um crescimento de 21.041 mil em números absolutos.
Entre os fatores que contribuem para o avanço das importações estão os investimentos das empresas do setor em educação médica continuada e as autorizações sanitárias que permitiram a chegada de novos produtos nas farmácias, o que aumenta a confiança de médicos e pacientes. “A chegada de produtos de cannabis nas farmácias tradicionais tem despertado maior interesse sobre os tratamentos e impulsionado as prescrições”, pontua Tarso Araujo, diretor-executivo da BRCANN.
Outro aspecto relevante para se compreender este crescimento é a evolução regulatória trazida pela RDC335/2020 que tornou mais digital e menos burocrático o processo de importação para médicos e pacientes, dispensando a exigência de renovação. “Atualmente as renovações devem ocorrer a cada dois anos”, explica.
Concentração Regional
Ao todo, entre 2015 e 2021, foram concedidas 75.203 autorizações. Apesar do forte ritmo de crescimento, em especial nos últimos 3 anos em que estes números vêm dobrando de tamanho, o acesso ao tratamento ainda é concentrado em alguns Estados quando olhamos para os números absolutos.
As cinco unidades da federação – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e o Distrito Federal — somam 72,8% do total pedidos de autorização para importação de cannabis medicinal no país. Quando se considera os dez estados com mais autorizações, o total de pacientes com autorização chega a 90% do total.
As regiões Norte e Nordeste abrigam os Estados com menor concentração de pacientes, com número de autorizações por 100 mil habitantes bem abaixo da média nacional de 35. Alagoas é dono da menor média do país, com 5,1 pacientes por 100 mil habitantes, seguindo por Maranhão (7,3), Ceará (7,4), Pará (7,7) e Acre (7,8). “São territórios onde a informação sobre o potencial terapêutico dos canabinoides ainda é pouco difundida entre médicos. Isso revela o quanto o setor tem potencial para crescer regionalmente, também”, diz Araujo.
Estados com maior número de autorizações para importação de produtos de cannabis por 100 mil habitantes.
Estados com menor número de autorizações para importação de produtos de cannabis por 100 mil habitantes.
Farmácias
Embora 15 produtos já tenham recebido autorização sanitária da Anvisa para comercialização nas farmácias, a grande maioria só deve chegar no segundo semestre de 2022 ou apenas no primeiro semestre de 2023. A baixa oferta tem influenciado os pacientes a buscarem opções de produtos via importação diante da ampla variedade de formulações e preços.
Dados de mercado auditados pela IQVIA, instituto que audita o varejo farmacêutico, mostram, por exemplo, que o Mevatyl – primeiro medicamento de cannabis autorizado no país, ainda em 2017 – registrou comercialização de 161 unidades entre janeiro e agosto de 2021
Segundo a BRCANN, as vendas nas farmácias é o caminho natural para o futuro do setor, mas ainda são incipientes. “Devemos ter nos próximos anos uma reversão no peso das importações para o setor. Aos poucos, os pacientes que importam produtos de cannabis medicinal terão mais opções para migrar para o varejo.”