Em 2022, a saúde dependerá do grau da maturidade digital do setor

Por Luis Arís

Em 2022, a ênfase em saúde digital será mais forte do que nunca, no Brasil e no mundo. Estudo da Organização Mundial da Saúde mostra que até 2025, a integração entre medicina e tecnologia será crítica para garantir a entrega de serviços de saúde a todas as populações, em todos os países. Pesquisa da empresa de digital health Zebra Technologies divulgada em novembro de 2021 entra nos detalhes dessa jornada. Esse levantamento foi feito a partir de 1532 entrevistas com profissionais de saúde e de TI de dez países, incluindo o Brasil (305 das respostas).

Cinco áreas são as que mais preocupam as pessoas que trabalham com saúde: monitoração remota dos pacientes por meio de dispositivos IoT, melhoria contínua das condições da telemedicina (consultas virtuais baseadas em videoconferência), uso de recursos de inteligência artificial e BigData para analisar dados e suportar pesquisas, promover a interoperabilidade entre diferentes plataformas/tecnologias de saúde e, finalmente, usar recursos de nuvem de forma segura (privacidade de dados).

A inovação em medicina passa, necessariamente, pela disseminação do uso de tecnologias cada vez mais avançadas e disruptivas. Isso é feito dentro de uma visão colaborativa em que a infraestrutura digital garante a conexão entre profissionais de saúde localizados em diferentes instituições, cidades, países.

Orçamentos reduzidos

O outro lado desse quadro diz respeito às condições reais enfrentadas pelo setor de saúde em relação à essa evolução. Pesquisa realizada pelo Gartner no final de 2020 com 1000 CIOs de várias verticais e 64 países – incluindo líderes brasileiros de tecnologia da vertical saúde – revela que 41% dos CIOs do setor de saúde disseram que enfrentam, ano após ano, reduções em seus orçamentos.

O quadro fica ainda mais complexo quando se analisa os desafios trazidos pela relação entre a extensão geográfica do Brasil e a real oferta de profissionais de saúde. Dados do Conselho Federal de Enfermagem de março de 2021 indicam que o Brasil conta com 6.649.307 profissionais de saúde – médicos, enfermeiros e técnicos de saúde. Esse contingente está distribuído de forma não homogênea pelo país. Segundo o Conselho Federal de Medicina, o país conta com 1 médico para cada 470 habitantes. Nas regiões Norte e Nordeste, porém, a quantidade chega a 1 médico para cada 953,3 e 749,6 brasileiros, respectivamente.

A pandemia acelerou o uso de soluções de saúde digital em todo o país, representando uma solução inovadora para esse quadro.

É nesse contexto que, em 2022, torna-se premente prevenir as falhas na gestão dos ambientes digitais de hospitais, clínicas e laboratórios. A meta é incluir os recursos digitais da organização de saúde dentro de uma visão de governança que trabalhe pela continuidade dos processos, a favor da vida.

Heterogeneidade dos ambientes de saúde traz desafios ao gestor

Muitas das dificuldades são causadas pela profunda heterogeneidade dos dispositivos e plataformas digitais utilizados no setor de saúde. São tecnologias que nasceram proprietárias e, muitas vezes, sem conectores para o ambiente de TI. Essa realidade faz de um hospital, por exemplo, uma colcha de retalhos de protocolos e tecnologias díspares.

Um médico pode, por exemplo, ter problemas para acessar as imagens de raios-X em seu tablet, durante uma visita ao leito do paciente. Diante dessa falha, o profissional pode ligar inicialmente para a estação de raios-X, pedindo ajuda. Se a indisponibilidade continuar, é provável que o médico tenha de acessar o Service Desk da TI do hospital. Nesse momento, o profissional do Service Desk irá checar as condições do PACS (SACI – Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens). Se nenhum erro for identificado, é possível que o chamado escale dentro da TI – será necessário realizar checagens sobre a rede e os sistemas de TI, como bancos de dados, sistemas de armazenamento, servidores, rede e WLAN. Quando o erro que impede o médico de trabalhar é finalmente identificado e corrigido, diversos departamentos e numerosos sistemas proprietários de diversos setores terão sido envolvidos.

Isso é o oposto do que acontece com a organização de saúde que utiliza uma plataforma de monitoramento “White Label” que integra em uma única interface todos os dados de todos os dispositivos e sistemas hospitalares e de TI. Com isso, a área de TI conseguirá contar com um ponto central de monitoramento de todo o seu ambiente digital. Quando for necessário, poderá configurar dashboards específicos para profissionais de saúde que precisam ter uma visão granular e muito detalhada do que se passe em seu setor, em cada uma das tecnologias digitais em uso.

Falhas digitais afetam o atendimento ao paciente

Além de evitar danos causados ​​por interrupções e perdas de desempenho, o monitoramento pode desempenhar um papel importante em ajudar a organização de saúde a economizar dinheiro: o monitoramento de longo prazo otimiza as infraestruturas de TI e o tempo dos profissionais desta área. Uma solução de monitoramento para um hospital inteiro, por exemplo, unifica o cenário dos aplicativos e libera os experts em TI para se focar em inovação.

Para isso, a plataforma precisa ser fácil de usar e, acima de tudo, oferecer a possibilidade de preparar claramente as informações certas para as pessoas certas – incluindo médicos –, alertando as pessoas relevantes de maneira direcionada e usando mecanismos de escalação para garantir que nenhum alarme passe despercebido.

Sem a correta resolução dos desafios de monitoração da ultracrítica vertical saúde, a maturidade digital da organização de saúde fica fragilizada e o atendimento aos pacientes, também.

Privacidade de dados

É importante, ainda, que a solução de monitoramento escolhida não possa acessar dados de pacientes diretamente, mas somente registrar o status dos dispositivos ou as informações acerca do transporte e armazenamento dos dados. Dessa maneira, a organização de saúde trabalhará alinhada à LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados.

Às vésperas de 2022, é fundamental elevar o grau da maturidade digital de hospitais, clínicas e laboratórios. Simplesmente não é mais possível falar de saúde e não falar de saúde digital. Quanto mais sólida e monitorada a base tecnológica desse setor, melhor será a saúde do brasileiro.


*Luis Arís é gerente de desenvolvimento de negócios da Paessler LATAM.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.