Novo futuro para a cultura de testagem de doenças no Brasil
Em meio ao cenário de pandemia que vivenciamos desde 2020, nunca se falou tanto em testagem de doenças, especialmente a Covid-19, no Brasil e no mundo. Atualmente, Coreia do Sul, Singapura e, mais recentemente, países do Golfo Pérsico despontam como modelos de rastreamento e controle. No Brasil, a cultura da testagem sentinela ainda é baixa, mesmo já sendo comprovado que é uma prática importante para acompanhamento epidemiológico, controle da pandemia e reabertura econômica com segurança. Uma pesquisa recente da plataforma Our World In Data, ligada à Universidade de Oxford, e do Ministério da Saúde brasileiro chegou a revelar que entre os dez países com maior número de casos da Covid-19 no mundo, o Brasil é o que fez menos testes por mil habitantes.
Na América do Sul, o Brasil só fica à frente da Bolívia e do Equador no número de testes. Os dados consideram apenas os testes RT-PCR (os moleculares, considerados padrão ouro para o diagnóstico da doença) feitos pela rede pública de saúde. No entanto, dão um sinal de que o país tem muito a evoluir e difundir novas formas de testagens seguras. Nesse sentido, alguns passos já foram dados como a implementação do Plano Nacional de Testagem em massa da Covid-19, lançado pelo Governo Federal por meio do Ministério da Saúde com o objetivo promover a retomada gradual de circulação de todos os brasileiros com segurança e estimular, consequentemente, a reativação da economia. Porém, é preciso continuar desenvolvendo estratégias para promover o crescimento deste mercado e adesão à cultura de testagem, visto que o Brasil possui dimensões continentais, inúmeras diferenças regionais, desafios de acesso a insumos e até mesmo de custos para promover uma testagem eficiente.
Uma cultura de testagem sistemática e abrangente é fundamental para identificar casos sintomáticos e assintomáticos de doenças na população geral e em grupos vulneráveis. Além disso, serve de base para orientar a implementação de medidas de controle da circulação dos vírus. As informações obtidas por meio da análise dos dados coletados podem subsidiar gestores no planejamento de abordagens e na adoção de medidas adicionais para conter doenças, como a Covid-19.
Adicionalmente, funciona como um importante fomentador da indústria de saúde e bem-estar brasileira, que passa a afinar a busca por produtos cada vez mais eficientes de testagem, precisos no diagnóstico, que promovam menos desperdício para quem oferece o serviço, como farmácias, laboratórios, hospitais, escolas e empresas, além de mais conforto para o público no momento dos exames.
O cenário de pandemia deixará para sempre a sua marca desafiadora na história de todas as pessoas, empresas e mercados. Em contrapartida, abriu espaço para reflexão e construção de um novo futuro que, no caso dos negócios ligados à saúde, traz a dose certa de desenvolvimento, inovação, concorrência e, principalmente, bem-estar, segurança e ainda mais proteção para todos os brasileiros.
*José Marcos Szuster é Fundador e CEO da MedLevensohn.