Qual será o legado da pandemia para o setor de saúde?
Não há dúvidas de que as instituições do setor de saúde sairão mais fortalecidas após a pandemia da Covid-19. A maior crise sanitária do século trouxe uma ruptura nos modelos tradicionais de assistência à saúde em todo mundo, impondo aos gestores de instituições e aos profissionais de saúde a necessidade repentina da implantação de protocolos rígidos de segurança e de novos fluxos e processos em planejamento, cadeia de suprimentos, tecnologia e atendimento aos usuários.
A nova rotina trouxe para as unidades de saúde novos equipamentos, mais recursos humanos e, sobretudo, humanização ainda mais presente na relação entre os profissionais de saúde e os pacientes e suas famílias, o que reforça a atenção aos aspectos não apenas relacionados à saúde física, mas também à saúde mental. Esse acolhimento veio para ficar e, certamente, as instituições mais responsáveis estão atentas a essas condutas, incorporando-as às suas diretrizes assistenciais.
A complexidade e a gravidade da Covid-19 exigiram uma resposta rápida das equipes que se colocaram na linha de frente, e a surpresa diante da pandemia trouxe o desafio de lidar com o desconhecido. Nesse cenário de incertezas, profissionais experientes e qualificados foram fundamentais para enfrentar e aprender mais rápido com a crise. O espírito solidário, bem como a capacidade de aglutinar pessoas em torno de uma mesma filosofia de trabalho, foram aspectos fundamentais para o enfrentamento dos momentos de maior estresse nos hospitais.
A pandemia da Covid-19 nos trouxe diversos ensinamentos. Deixou claro que é preciso investir mais em saúde pública e em saneamento básico, e que o sistema de saúde fragilizado não interessa a ninguém. Ensinou também que sair da crise requer solidariedade e união. Assim, foi de extrema importância a realização de ações coordenadas de apoio às comunidades mais vulneráveis. A Rede Mater Dei de Saúde somou-se a tantas outras organizações nesta corrente do bem e disponibilizou 180 leitos para o SUS, assessoria técnica para produção de respiradores, compra de EPI´s para hospitais públicos, dentre outras ações.
A pandemia demonstrou que a saúde é o bem mais precioso da humanidade e que as instituições do setor, públicas e privadas, precisam estar qualificadas, robustas e trabalhar em uma rede de apoio à população. A crise deixou as pessoas e as equipes de saúde mais próximas e mais engajadas. Esses são legados que a pandemia nos trouxe e, com certeza, irão permitir a consolidação e o fortalecimento dessas instituições que estiveram ao lado da vida. Da minha parte, como presidente da Rede Mater Dei de Saúde, tive a certeza de que estamos no caminho certo ao pautarmos, há 41 anos, nossa conduta na humanização do atendimento e no acolhimento ao paciente.
*Henrique Salvador é presidente da Rede Mater Dei de Saúde.