O potencial da nova malha digital dos fornecedores de saúde
Por Ubirajara Maia
Quando a digitalização ainda era uma miragem para o tradicional setor de saúde no início dos anos 2000, as transações comerciais entre fornecedores e instituições esbarravam em barreiras tecnológicas e altos custos logísticos – uma distância que viria a ser encurtada com os avanços digitais e a adoção do Marketplace pelo setor, que proporcionou benefícios tangíveis para ambos os lados da relação.
Por um lado, os compradores passaram a ter acesso a milhares de fornecedores para comparar produtos, preços, prazos, serviços e condições que melhor se adequassem às suas necessidades, trazendo maior celeridade e eficiência ao processo. Do outro, os fornecedores tiveram acesso a um amplo, diversificado e qualificado mercado consumidor. Por meio da análise de dados e inteligência, passou a ser possível analisar produtos e serviços que estão sendo mais demandados por localidade e conciliar estratégias comerciais e de distribuição por região.
Importante destacar que a jornada digital em plataformas, como a da Bionexo, contemplam desde o ciclo de planejamento para garantir o correto abastecimento e economicidade de aquisições até o ciclo financeiro das receitas, isto na prática é um ciclo único e as instituições que entenderam este workflow têm vantagens competitivas, seja na segurança das decisões ou na eficiência de suas margens.
Nesse sentido, os fornecedores vêm atuando nos últimos anos como protagonistas no uso e disseminação de soluções digitais que trazem mais eficiência em toda a cadeia de suprimentos e distribuição de insumos médicos e hospitalares no setor. Por meio, por exemplo, do VMI (Vendor Managed Inventory), ou “Inventário Gerido pelo Fornecedor”, em tradução literal, o fornecedor é capaz de visualizar e gerenciar com antecedência as informações relativas ao estoque, possibilitando antecipar cenários, efetuar reposições sell-in e evitar rupturas de estoques.
Conhecido também como Programa de Reposição Contínua ou Automática, o VMI tem como vantagens o aumento da eficiência e a redução de custos, uma vez que evita estoques excedentes e compras desnecessárias, eliminando o risco de zerar o estoque e aumentando a transparência operacional do processo. Mas o que há por trás dessa reposição automática? A resposta é simples: milhões de dados estatísticos gerados por inteligência artificial e monitoramento contínuo da cadeia de abastecimento. Como resultado, o Plannexo por exemplo em um de nossos clientes, após 8 semanas de uso, reduziu em média o excesso de estoques em 17% e aumentou o giro em 1.3 vezes, além de diminuir drasticamente o volume de compras emergenciais, sem prejuízo assistencial devido a prevenção de rupturas de estoques.
Por meio da parametrização dos dados, é possível estabelecer um sortimento específico em uma região determinada e, a partir disso, antecipar os pedidos por parte dos fornecedores, elevando a previsibilidade das demandas e o volume transacionado – não apenas de medicamentos, mas também de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPMEs) através da inteligência artificial e potencializando a efetividade da equipe comercial.
Dessa forma, os fornecedores vêm protagonizando um papel central na digitalização desta nova malha de saúde, ampliando o uso de soluções que impactam diretamente todos os atores da cadeia de abastecimento do setor. Sobretudo após a pandemia do coronavírus, esse é um caminho sem volta, embora ainda haja desafios múltiplos de ordem estrutural, econômica e cultural no país. Alguém arriscaria um cenário diferente?
*Ubirajara Maia é Vice-presidente na Bionexo.