Pesquisa avalia eficácia da teleconsulta em pacientes com diabetes tipo 2
Um estudo que visa avaliar a eficácia da teleconsulta em comparação à consulta presencial em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 na Atenção Primária à Saúde é realizado de forma pioneira no Brasil. Conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, via Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), e em parceria com o Núcleo de Telessaúde de Santa Catarina, o Ensaio Clínico Randomizado de vida real em Teleconsulta (ECR Teleconsulta) pretende incluir 250 pacientes portadores de diabetes mellitus, atendidos no SUS na cidade de Joinville (SC).
A pesquisa clínica é executada na cidade de Joinville pelo desenvolvimento avançado do Núcleo de Telessaúde da região, e opta por analisar os pacientes com diabetes pelo grande impacto que a doença tem na qualidade de vida e taxa de mortalidade no país, como explica Daniela Laranja, médica especialista do Oswaldo Cruz. “A diabetes é uma doença de alta incidência. Se não bem controlada pode ocasionar doenças cardio e cerebrovasculares, como infarto e AVC, além de amputação de membros, cegueira e insuficiência renal. A prevenção e o controle adequado da glicemia, nesse caso, é o maior diferencial para prevenção dessas complicações que têm efeito significativo no SUS”.
Nesse contexto, a especialista também explica os potenciais benefícios desta iniciativa para a qualidade de vida dos pacientes. “O ECR Teleconsulta pretende, então, reduzir as demandas por amputação, feridas, AVCs, infartos, dentre outras doenças no SUS”. Outros benefícios englobam reforçar o acesso dos pacientes ao médico especialista na rede pública, reduzindo a necessidade de locomoção ou aglomerações nas filas de espera neste momento de pandemia”, finaliza.
As teleconsultas no Brasil são reguladas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que só permitia consultas a distância quando houvesse profissionais da saúde em ambos os lados do canal de comunicação – seja telefone ou internet -, e aos Núcleos de Telessaúde em todo o país, aberto à exceção, apenas, com a chegada da pandemia da Covid-19, responsável por evidenciar a importância do atendimento clínico especializado à toda população.
Os estudos do projeto ECR Teleconsulta contam com pacientes acima de 18 anos, de ambos os sexos, portadores de diabetes mellitus tipo 2 e com qualquer nível de controle glicêmico mensurado por uso de insulina Hemoglobina Glicada (HbA1c) e/ou glicemia de jejum, igual ou acima de 8%. Este tamanho de amostra permitirá avaliar a não-inferioridade com uma diferença de até 0,5% de glicemia entre os grupos. Os resultados dessa pesquisa foram publicados no Journal of Medical Internet Research (JMIR), em fevereiro de 2021. Até o encerramento do novo triênio de atuação do PROADI-SUS, em 2023, o estudo vai aumentar a amostra para gerar um resultado mais robusto, totalizando 250 pacientes do SUS. A iniciativa também prevê outras três publicações de artigos com a análise de microcusteio e economia ao SUS, qualidade de vida e, por fim, resultados gerais do estudo.
Se confirmada a eficácia e a segurança para os pacientes atendidos por teleconsulta, após reguladas as questões normativas pelo CFM, esse atendimento poderá promover acesso efetivo dos pacientes ao sistema de saúde pública, incluindo o atendimento com médicos especialistas. Fora a acessibilidade, a atuação da tecnologia também pode representar uma potencial economia ao SUS.