Projeto reduz casos de infecções hospitalares em UTI
Um projeto cujo objetivo é reduzir as infecções hospitalares, desenvolvido no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh), chegou ao mês de dezembro de 2020 com resultados significativos na UTI Adulto, houve redução na densidade média de infecções urinárias em 95%; de infecções de corrente sanguíneas em 51% e, de pneumonias relacionadas à ventilação mecânica em 48%.
Os resultados foram apresentados pela Equipe de Melhoria responsável pela condução do Projeto no HU, no balanço da conclusão do triênio 2018-2020 do projeto, chamado “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”. Este trabalho é desenvolvido pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde, em parceria com cinco Hospitais de Excelência do Brasil (Hospital Israelita Albert Einstein; Hospital Moinhos de Vento; Hospital Oswaldo Cruz; Hospital Sírio Libanês e o Hospital do Coração) e com o apoio técnico do Institute for Healthcare Improvement (IHI).
O principal foco do projeto foi aperfeiçoar o cuidado aos pacientes, de modo a reduzir os desperdícios, minimizar os custos hospitalares e reduzir as taxas de infecções relacionadas a dispositivos invasivos, em 50%, por meio de três pacotes de intervenções: prevenção de pneumonias associadas à ventilação mecânica (PAV); de infecções primárias da corrente sanguínea associada à cateter venoso central (IPCLS) e de infecções do trato urinário relacionadas a cateter vesical.
Na metodologia usada pelos profissionais que desenvolveram o projeto, foram feitos testes em pequena escala, seguindo o método chamado de PDSA (da sigla em inglês para Planejar, Fazer, Estudar e Agir), visando às mudanças de processos assistenciais direcionados para reduzir infecções e aprimorar a segurança dos pacientes, descritas nos pacotes de mudança, pré-definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Termo de adesão foi assinado em dezembro de 2017
O termo de adesão ao projeto foi assinado pela então superintendente do hospital, Maria de Lourdes Rovaris, em dezembro de 2017. Atuou como líder do projeto o enfermeiro do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) Gilson de Bitencourt Vieira, com a participação efetiva na Equipe de Melhoria: Patrícia Vanny (médica do SCIH); Luizita Henckemaier (enfermeira da Segurança do Paciente/UGRA); Isabel Machado Canabarro (gestora da Unidade de Gestão de Riscos Assistenciais-UGRA) e gestores da Unidade de Cuidados Intensivos e Semi-intensivos do Adulto (UCISIA). Vale destacar a importante contribuição dos profissionais da equipe multiprofissional da UTI; discentes e docentes.
O HU fez parte de um conjunto de 115 hospitais que foram selecionados para execução deste projeto, sendo que as instituições contaram com a orientação metodológica do IHI e supervisão dos cinco hospitais de excelência. O HU-UFSC contou com a orientação da equipe do Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre/RS), que durante este período auxiliou por meio de encontros presenciais coletivos, visitas presenciais na UTI Adulto e orientações virtuais.
A Equipe de Melhoria ressaltou um diferencial na condução desse projeto: foi o auxílio da metodologia para a coleta mensal dos indicadores de processo e de resultado, atividades já estabelecidas no SCIH, mas que passou a ser realizada de forma sistematizada, por meio de observações diárias dos profissionais atuantes na UTI. Esses dados foram postados mensalmente na Plataforma Virtual do IHI (Extranet), formulando uma série histórica de resultados que orientou ações direcionadas à melhoria de processos para a prevenção de PAV, ITU e IPCSL.
Projeto permitiu visita ampliada na UTI
No início de 2019, foi publicada a Portaria Normativa nº 001/2019/HU, de 14 de maio de 2019, instituindo a visita ampliada de familiares a pacientes internados na UTI, por um período de 12 horas, conforme critérios pré-definidos em conjunto com a equipe multiprofissional da UTI, visando à humanização e à segurança do paciente.
Nos dois primeiros anos do Projeto, eram realizadas “rondas” mensais com a participação de gestores do Hospital e da UTI. Nesses encontros era informado à equipe da UTI sobre o andamento do projeto e, oferecido espaço para discussões coletivas. Contudo, a partir de fevereiro de 2020 esses encontros foram interrompidos devido à pandemia de Covid-19.
“Durante o triênio do projeto, inúmeros foram os desafios, mas os resultados mostraram que com uma equipe comprometida, foi possível atingir as metas inicialmente propostas. Dessa forma, houve redução na densidade média de infecções urinárias em 95%; de infecções de corrente sanguíneas em 51% e, de pneumonias relacionadas à ventilação mecânica em 48%”, detalharam os membros da Equipe Melhoria.
Além disso, segundo o Relatório Abrangente de Resultados (RAR) do HU-UFSC, o custo médio mensal de um paciente internado em UTI, entre o período de janeiro de 2018 a dezembro de 2019, com infecção, foi equivalente a R$ 105 mil. E, considerando que foram evitadas 81 infecções, pode-se concluir que o HU obteve uma redução de mais de 8 milhões de reais em custos de hospitalização em UTI no período vigente do Projeto.
“Essa experiência proporcionou uma mudança de perspectiva para os profissionais da UTI do HU, onde o aprendizado e a busca por melhoria contínua, visando o cuidado centrado no paciente expressaram-se por meio de tantas infecções evitadas e vidas salvas. Também ensinou a todos nós que trabalhamos com a segurança do paciente que o processo de sustentação das mudanças testadas e melhorias implementadas compreendem desafios para a gestão que requerem coragem e atitude, princípios fundamentais da Psicologia da Mudança, tão difundida pelo IHI”, explicaram os membros da Equipe Melhoria.