Realidade virtual e o avanço tecnológico na medicina
A medicina interliga-se com a tecnologia de maneira demasiadamente próxima. Desde os primeiros relatos e experimentos de Hipócrates, na Grécia, há mais de 2500 anos, até a sociedade hodierna, a ciência evoluiu severamente. Nesse sentido, experimenta-se, na atualidade, a possibilidade da realidade virtual em diversas situações médicas.
Dessa maneira, a realidade virtual, de acordo com Zanchet e Montero, envolve quatro conceitos básicos: a imersão mental, que seria a visualização de uma imagem tridimensional em uma tela; a imersão física, que são as estruturas pelas quais se adquire a impressão de se ter ultrapassado através da tela; a navegação, que possibilita a movimentação no universo virtual; e a interação, necessária à manipulação da imagem.
Com a interação da informática e da robótica, áreas ainda não existentes no passado, possibilitou-se a descoberta de novos horizontes médicos, e, portanto, abre-se portas à telemedicina e às pesquisas, por exemplo. Em países desenvolvidos, nesse contexto, utiliza-se a realidade virtual na educação médica cirúrgica, no ensino de matérias como anatomia, além de simulações de operações, como o treinamento de cirurgias videolaparoscópicas. Esse método possibilita ao estudante a situar-se em campo cirúrgico sem precisar estar no local, necessariamente. Além dessa vantagem de localização, as imagens expõem órgãos tridimensionalmente, e, ainda, pode-se selecionar a topografia que um professor pretende demonstrar ao aluno.
Contudo, devido ao custo elevado e a dificuldades técnicas, no Brasil, somente algumas unidades de pesquisa apresentam a realidade virtual para o ensino. Essa tecnologia, conforme os autores, é benéfica não só para estudantes de medicina, como também a profissionais de saúde que buscam qualificação num ambiente em que não se expõe a vida de pacientes em risco. Nesse sentido, a Universidade de Stanford, no vale do Silício, proporcionou aos médicos um programa de realidade virtual no qual estes podem simular uma cirurgia endoscópica dos seios da face, procedimento que pode ser difícil de ser realizado nos pacientes, devido às variáveis anatômicas. Assim, com o programa, há a simulação da cirurgia anteriormente ao real procedimento, possibilitando melhora significativa dos resultados finais.
Outra possibilidade da realidade virtual na medicina, de acordo com Renata Velloso, no texto “9 aplicações da realidade virtual para a medicina real” é na área psiquiátrica, programa na Universidade de Louisville, em que os pacientes poderiam ser inseridos num ambiente seguro, expostos aos seus medos, e, assim, poderiam treinar métodos para enfrentá-los, além de romper padrões comportamentais frente a essas fobias.
Outros exemplos também são citados, conforme Marcel Aureo, no texto “Aplicações da realidade virtual na medicina”, no contexto da realidade virtual, como o tratamento da dor fantasma, de deficientes físicos, no autismo, em idosos e em divergentes setores que podem promover a melhoria da qualidade de vida da sociedade.
Portanto, a realidade virtual é um assunto que possibilita a abertura de diversos horizontes, e as ações governamentais devem promovê-los a fim de que a medicina possa ser, cada vez mais, aprimorada e tecnologicamente utilizável, tornando o indivíduo protagonista de seus próprios anseios.
*Milena Luisa Schulze é estudante de medicina na Univille – Universidade da Região de Joinville, atual coordenadora da Liga Acadêmica de Neuroimunologia da Univille e diretora do Centro Acadêmico de Medicina Dr. Plácido Gomes de Oliveira – Univille.
REFERÊNCIAS
1. MONTERO, Edna Frasson de Souza; ZANCHET, Dinamar José. Realidade virtual e a medicina. Acta Cir. Bras., São Paulo , v. 18, n. 5, p. 489-490, Oct. 2003 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-86502003000500017&lng=en&nrm=iso>. access on 17 Feb. 2021. https://doi.org/10.1590/S0102-86502003000500017.
2. https://www.saudebusiness.com/colunas/9-aplicaes-da-realidade-virtual-para-medicina-real
3. https://www.sanarmed.com/aplicacoes-da-realidade-virtual-na-medicina