Apenas um em cada dez brasileiros acredita que fumantes devem pagar mais por serviços médicos
A pesquisa “Taking healthcare to the next level”, realizada pelo Grupo Havas, aponta que, no mundo, 76,37% dos entrevistados acreditam que fumantes e não fumantes deveriam pagar o mesmo valor pelos serviços médicos. O número de pessoas que afirmam que tabagistas deveriam pagar mais pelo acesso à saúde é de apenas 23,63%. Quando se olha para o Brasil, os números mostram que 88,71% acham que o valor deve ser o mesmo para os fumantes, enquanto apenas 11,29% não concorda. Outro dado interessante mostra a relação do ato de fumar com o desempenho no trabalho. Para um terço dos brasileiros ter um estilo de vida saudável significa ter um rendimento melhor do que o daqueles que fumam. Já no mundo, os que acreditam nessa premissa somam 25,61%.
Há cerca de 20 milhões de fumantes no Brasil, o que faz do país o 34ª no ranking da Organização Mundial da Saúde (OMS). Analisando os números nacionais coletados no estudo, 35,42% dos homens consideram que os tabagistas não possuem disciplina e força de vontade, e 22,14% defendem a ideia de que pessoas que fumam colocam a sociedade em risco. Já para as mulheres, o cenário é 26,5% e 14,53%, concomitantemente.
“Nosso estudo evidencia um momento delicado. Se por um lado o mercado orgânico continua crescendo exponencialmente, por outro lado vemos que apenas a minoria dos brasileiros percebe as consequências negativas do tabagismo na sociedade. Ou seja, há uma grande contradição. Acima de tudo, precisamos comunicar o impacto que maus hábitos individuais podem ter coletivamente”, ressalta Paula Ottoni, gerente de planejamento da Havas Life, agência de publicidade brasileira, focada em healthcare, pertencente ao Grupo Havas.
Analisando o cenário internacional, na Dinamarca, país que tem mais mulheres fumantes, segundo a OMS, apenas 3,93% dos entrevistados defendem a ideia de que pessoas com o hábito não deveriam ter cobertura em tratamentos e serviços médicos, e 10,81% acham que os mesmos deveriam pagar mais pelos custos voltados à saúde. Já na China, sete a cada dez entrevistados não consideram os tabagistas um risco à sociedade e não concordam com a premissa de que os consumidores deveriam pagar mais pelo acesso a tratamentos e cuidados médicos. O país é o maior produtor e consumidor de tabaco do mundo, e soma mais de 300 milhões de fumantes – cerca de um terço do total de fumantes do planeta, segundo a OMS.
Por outro lado, os resultados obtidos nos países do Sudeste Asiático, chamam a atenção por apresentar uma posição contrária em relação ao hábito de fumar. Na Indonésia, 48% dos entrevistados acreditam que os fumantes não possuem autodisciplina e força de vontade. No Camboja, 78,67% dos respondentes defendem a ideia de que aqueles que possuem hábitos saudáveis performam melhor em comparação aos fumantes. A maioria dos cambojanos ainda acede à ideia de que os tabagistas deveriam pagar preços mais altos pelos tratamentos e cuidados médicos, e mais da metade evita se relacionar com fumantes e os consideram ociosos e preguiçosos.
“Os números servem como um alerta. Globalmente, a tendência é que maus hábitos como o tabagismo sejam encarados como um risco para a sociedade. Isso fica claro quando analisamos os resultados na China, onde essa percepção é quase duas vezes maior em relação ao Brasil. Apesar disso, ainda é minoria internacionalmente”, conclui Paula.
A pesquisa foi realizada com 9.400 pessoas no total, sendo 52% mulheres e 48% homens. Dos entrevistados, 42,78% possuem entre 18 e 34 anos, 40,62% entre 35 e 54 anos e 16,61% igual ou acima de 55 anos. 80,88% dos respondentes não são tabagistas.