Em projeto voluntário, Moçambique tem primeiros ginecologistas oncológicos
Após dois anos de realização do projeto IGCS (International Gynecologic Cancer Society), destinado ao treinamento de médicos para serem especialistas em ginecologia oncológica em países onde não existem treinamentos formais nesta especialidade, Moçambique tem os três primeiros especialistas formados para atuar na prevenção, diagnóstico e tratamento dos cânceres ginecológicos, são eles: Dércia Changule, Siro Daud e Ricardina Rangeiro, ambos do Hospital Central de Maputo.
O projeto mundial tem parceria com o Centro de Oncologia do MD Anderson, da Universidade do Texas e de cinco instituições brasileiras, sendo o IBCC Oncologia um parceiro, representado pelo ginecologista oncológico, André Lopes, um dos mentores internacionais do projeto. Ele foi até Moçambique para realizar treinamentos in loco em 8 oportunidades, pôde conhecer as condições para atuação dos médicos no país, realizou tratamentos em pacientes e recepcionou os estudantes para atuação prática no IBCC Oncologia em agosto de 2019, onde estabeleceu uma oportunidade de experiência compartilhada com estrutura e acesso a equipamentos.
“Estou muito feliz e orgulhoso por todos eles. Saber que o país terá agora ginecologistas oncológicos numa nação onde não acontecia o tratamento adequado a esse tipo de doença. Os 3 especialistas são uma esperança num dos países com a maior taxa de câncer de colo do uterino no mundo”, destaca André.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, estima que o cancro do colo do útero afeta 32% do total das mulheres pacientes de câncer em Moçambique. Ainda segundo a Global Cancer Observatory ( Globocan ), dados de 2017, 64 em cada 100 morrem de cancro de útero.
No portal do IGCS as homenagens aos formados, agradecimentos aos participantes do projeto e aos mentores. “Muito obrigado a todo o time da IGCS. Estou ciente de que com o programa muitas mulheres moçambicanas serão beneficiadas, (durante o treinamento muitas mulheres moçambicanas com câncer ginecológico receberam o tratamento adequado), é nosso dever continuar a tratá-las adequadamente”, disse Dércia Changule.
“O programa da IGCS mudou a abordagem no diagnóstico e tratamento das neoplasias ginecológica malignas em Moçambique. A nossa formação desempenhou um papel chave nessa mudança. Sinto-me feliz por fazer parte desse programa”, acrescentou Ricardina Rangeiro. Para Siro Daud “foi uma grande e única oportunidade fazer parte deste programa. Serei eternamente grata aos mentores e a todos os envolvidos. Moçambique agora faz parte do time da Ginecologia Oncológica”.