Brasil precisa de um sistema de atenção primária resolutivo
Integrar, coordenar e organizar os sistemas de atenção à saúde, que hoje se encontram fragmentados, é a saída para um sistema de saúde mais eficiente. Para o consultor em saúde pública, Eugênio Vilaça Mendes, o Brasil precisa ter um sistema de atenção primária resolutivo. Durante palestra no 11º Seminário UNIDAS, ele explicou que, “na média, mais de 90% das pessoas conseguem se curar dentro do sistema de atenção primária”.
Para o consultor, é essencial sair de um sistema fragmentado, organizado por componentes isolados, níveis hierárquicos, voltado para indivíduos, com ações reativas e curativas e sem coordenação para um sistema contínuo de atenção, com foco na população, ações proativas e voltado para Atenção Integral à Saúde. A construção desse sistema depende de uma agenda de inovação: “Essa agenda implica em mudanças coordenadas e concomitantes nos três componentes do sistema de atenção: o modelo de gestão, de atenção à saúde e de financiamento”.
A organização dessas redes poderia ter ajudado, por exemplo, no combate a pandemia do coronavírus. “A pandemia foi anunciada, a gente sabia que ela chegaria. A rede tem um centro de inteligência de atenção primária à saúde que conhece a sua população. Ela tem essa característica. É possível estratificar a população de risco e fazer o monitoramento a partir da atenção primária juntamente com o sistema de teleassistência, por exemplo. A rede faria uma enorme diferença nisso”, explicou o especialista.
Vilaça também falou sobre os desafios do modelo de financiamento e a necessidade de sair de um modelo de pagamento por volume de recursos (fee-for-service) para um sistema de pagamento baseado no valor para as pessoas (feer-for-value). “Como alternativa para substituir esse modelo, nós podemos trabalhar com pagamento por procedimento, por performance, por pacote ou episódio ou por capitação, por exemplo”.