Uso do plasma convalescente pode ser opção terapêutica para Covid
A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) endossou o uso do plasma convalescente como opção terapêutica para pacientes graves acometidos pela COVID-19. O hemocomponente poderá ser transfundido em pacientes graves acometidos pela doenpara transferência de anticorpos presentes no sangue doado para combater o vírus.
“Enquanto empresas e governos do mundo inteiro correm contra o tempo em busca de uma vacina contra o vírus da COVID-19, algumas opções terapêuticas podem ser utilizadas e são disponíveis na nossa rede de saúde, como é o caso do plasma hiperimune, obtido a partir de indivíduos que estiveram doentes e se curaram da COVID-19 e que apresentam anticorpos contra o vírus”, explica o presidente da ABHH, o hematologista e hemoterapeuta Dante Langhi.
Langhi explica ainda que esses indivíduos são chamados de convalescentes e podem ser doadores de plasma. Segundo ele, o número de doadores convalescentes, que se curaram da doença, é cada vez maior e, por isso, afirma que a ABHH se posiciona favoravelmente, dentro das possibilidades técnicas, quanto ao uso do plasma hiperimune no tratamento de pacientes graves acometidos pela COVID-19.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente existem cerca de 20 estudos em andamento, em diversas partes do mundo, que visam encontrar a cura para o vírus SARS-CoV-2, também conhecido como coronavírus. No Brasil, a ABHH também busca auxiliar no combate à pandemia e, em documento técnico publicado em seu site, estimula o recrutamento de doadores de plasma convalescente de COVID-19 para possível utilização dessa terapia em pacientes graves acometidos pela doença.
“Esse procedimento consiste na transfusão do plasma (a parte líquida do sangue) retirado de um paciente convalescente para um indivíduo doente em estado grave. O que se espera é que os anticorpos presentes neste plasma combatam o vírus, auxiliando na cura desses pacientes”, afirma o presidente da ABHH, ao explicar que a infusão do material sanguíneo em pacientes em estado crítico acometidos pela COVID-19 somente está autorizada pela Anvisa por especialistas.
Esta não será a primeira vez que a prática será adotada em casos de epidemias por doenças infecciosas. O uso do chamado plasma convalescente já foi avaliado em outras situações semelhantes, como na epidemia por SARS, em Hong Kong; no tratamento de pacientes infectados com Ebola; na Síndrome de Infecção Respiratória por Coronavírus, do Oriente Médio; e na pandemia pelo Influenza H1N1. Além disso, no último dia 24 de março, a FDA, órgão governamental que regula o uso de medicamentos nos Estados Unidos, também emitiu diretrizes para a utilização dessa terapia em quadros graves de COVID-19.
A coleta do plasma convalescente pode ser realizada em pacientes que foram confirmadamente infectados pelo vírus SARS-CoV-2 e que estejam assintomáticos há 14 dias. Estes ainda devem atender aos critérios técnicos de aceitação para doação de sangue e que apresentem exame (PCR) de detecção do vírus negativo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério da Saúde autorizam a utilização desse plasma de doadores convalescentes para o tratamento de pacientes graves acometidos pela COVID-19.
“Ainda não é possível afirmar com absoluta certeza que a terapia de coleta do plasma convalescente seja totalmente eficaz para o combate ao vírus. Porém, há evidências na literatura médica de que ela pode baixar a taxa de mortalidade. Não são estudos conclusivos, mas que dispõem de um grau de confiança”, conclui Dante Langhi.