Por que Brasília é considerada o oceano azul da saúde?
Por Heder Bragança
Investimento em saúde não é algo novo no Brasil. Em Brasília, não foi diferente. Só em 2019 foram inaugurados 5 novos hospitais de investimentos altos. A rede D’Or investiu R$ 450 milhões em Brasília e aposta em um hospital com serviço de hotel seis estrelas, que inclui até renomado chefe francês no preparo das refeições. De acordo com o diretor-geral do novo hospital DF Star, Rodrigo Lima, a unidade vai gerar mil empregos.
A rede Ímpar, que já possuía o Hospital Brasília e a Maternidade Brasília, inaugurou um novo hospital dentro de Águas Claras, a maior unidade da rede no Distrito Federal. O investimento foi de R$ 300 milhões, um terço investido em tecnologia. Com uma área de 38 mil metros quadrados, o hospital vai gerar mais de 3 mil empregos diretos e indiretos. Sírio-Libanês inaugurou na capital o primeiro hospital completo fora de São Paulo, a unidade tem 30 mil metros quadrados com 144 leitos sendo 30 de UTI.
Grupo Santa, que já tinha 3 hospitais em Brasília, comprou o hospital São Francisco na Celiândia e está construindo mais um em Samambaia – chamado Hospital Renascer, finalizando então 5 hospitais no seu grupo em 2019, podendo atingir a maior gama de pessoas concentradas no Distrito Federal, pois está nas regiões mais populosas.
Mas por que Brasília? Brasília tem vantagens competitivas, como várias escolas de medicina, contingente grande de pessoas com poder aquisitivo e convênios médicos.
Para o nefrologista, Istênio Pascoal, embora Brasília não seja o maior mercado, a cidade desperta grande interesse pelo alto percentual de cobertura de saúde complementar e de planos de saúde. “Há também o perfil da cidade de ter muitos convênios com órgãos e embaixadas governamentais ou para governamentais, é um nicho específico, mas é bem extenso”, explica.
Brasília é o lugar que tem menos desigualdade salarial. Em Brasília, em média, as mulheres ganham R$ 5.261,80 e os homens R$ 5.196,10, variação de apenas 1,26%. Brasília permanece com o maior Produto Interno Bruto (PIB) do País, por indivíduo, em 2016. A capital brasileira atingiu R$ 79.099,77 no PIB per capita. O valor é 2,6 vezes maior do que o nacional, de R$ 30.411. Brasília é a terceira maior população do Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. A maioria da população de Brasília é feminina, com 52,19% da população.
Todos esses fatos contribuem para os investimentos em Brasília e o principal deles são as mulheres e não estou sendo demagogo. As mulheres são responsáveis por mobilizar saúde dentro dos lares. Elas que ficam sempre com a responsabilidade de cuidar dos filhos, do companheiro e das pessoas em sua volta e são promotoras da saúde. Um fato curioso também é que procedimentos de estética não caíram em Brasília, pelo contrário, e o público alvo dessa atividade são as mulheres.
Saúde não é um espaço para amadores. Gerir um hospital ou clínica requer dedicação, conhecimento, exclusividade e experiência. Pois são muitos fatores que contribuem para o sucesso e o fracasso.
Com grandes players entrando fortemente no mercado de Brasília, os demais têm a necessidade de renovação, marketing estratégico, reposicionamento de marca, fidelização dos pacientes e médicos, fidelização dos fornecedores. São muitas estratégias para pensar em curtos espaços de tempo, pois não se pode demorar para tomar uma decisão. Um hospital é um prestador de serviço muito dinâmico, pois lida com fornecedores de comida, medicamentos, gases, materiais, papelarias, informática, etc. É um setor tão dinâmico que criamos um jargão: De tédio a gente não morre.
E então, o que fazer? Os empresários devem prezar sempre pela qualidade, avançar em tecnologia, melhorar processos, gestão estratégica, fidelização do paciente, resolutividade, pois, mesmo com tantos hospitais, ainda tem espaço para concorrentes, claro. Mas o paciente tem o maior poder de todos: o de escolha.