Samaritano resgata memória da saúde de São Paulo com exposição
O Hospital Samaritano Higienópolis completa 126 anos neste sábado (25), mesma data de fundação da cidade de São Paulo, e celebra com uma exposição em suas instalações, que ocorrerá entre os dias 27 de janeiro e 05 de fevereiro. A história da unidade, inaugurada em 1894, se mistura com a da metrópole e a da saúde no Brasil e, neste cenário, o Samaritano resgata a sua memória e compartilha imagens e relatos de época. “Todos esses anos de tradição refletem hoje um legado de muita experiência, pioneirismo e referência na saúde. O endereço é ainda o mesmo, mas as estruturas e serviços foram aperfeiçoados continuamente com os avanços da medicina”, diz Fabio Katayama, Diretor Executivo do Samaritano Higienópolis.
A instituição nasceu do desejo do chinês José Pereira Achao de oferecer um serviço hospitalar de qualidade aos imigrantes de todas as nacionalidades e credos que escolheram a cidade para viver e trabalhar. O livro de registros de Movimento de 1894, hoje no acervo do hospital, mostra algumas curiosidades daquele tempo, como o tipo de doença mais comum em internações, a Febre Tifoide. Considerado uma região insalubre nas últimas décadas do século 19, o Brasil recebia muitos viajantes que chegavam de navio da Europa e Estados Unidos. Entre antigas doenças crônicas, figuravam a varíola, tuberculose e as epidemias devastadoras de peste, cólera e febre amarela.
Além de imagens interessantes dos primeiros quartos de internações, centros cirúrgicos e cotidiano dos profissionais da saúde, se destacam materiais como livros de memórias e diários de enfermeiras (muitas vindas da Europa para a prática e estudo). Nos cadernos, encontram-se as primeiras impressões da cidade e do trabalho, assim como recados e poesias entre as colegas de trabalho, de diversas regiões do país e do mundo. As enfermeiras foram chamadas de Nurses por muito tempo, assim como o português se misturava com o inglês pelos corredores.
Um hospital em São Paulo para pacientes de qualquer nacionalidade e religião
A fundação do hospital Samaritano foi uma iniciativa de membros das comunidades norte-americana, inglesa e alemã. O imigrante José Pereira Achao, deu o impulso inicial nesta mobilização solidária. Chegado ao Brasil na terceira classe de um navio, desembarcou com febre tifoide após atravessar o oceano, assim como tantos outros. Foi hospitalizado na Santa Casa de São Paulo e se deparou com uma situação inusitada: pelas regras e costumes tradicionais, as misericórdias atendiam pacientes católicos, insistindo para que se convertessem os que ainda não fossem. Ele era um protestante e desejava manter a sua fé. Ao morrer, em 1884, legou todo o seu patrimônio à igreja Presbiteriana para a construção de um hospital em São Paulo onde as pessoas pudessem ser acolhidas e tratadas sem qualquer constrangimento decorrente de sua raça, nacionalidade e crença religiosa.
O intercâmbio cultural e campo profissional para as mulheres
O Samaritano foi palco do desenvolvimento da enfermagem leiga e profissionalizada no Brasil. Em 1899, com apenas cinco anos de atividade, o hospital já contava com seis enfermeiras diplomadas e começava a procurar outras profissionais na Escócia, Alemanha e Inglaterra. Nem sempre era fácil encontrar enfermeiras recém-formadas com interesse e disponibilidade para trabalhar no Brasil durante alguns anos. O hospital também crescia e foram recrutadas jovens brasileiras de família inglesa e alemã, no interior, para serem treinadas. Depois de um curso básico de três anos, mais prático do que teórico, recebiam o diploma de habilitação como enfermeiras profissionais ou auxiliares de enfermagem expedido pelo hospital. Era um novo campo profissional para as mulheres. A participação das enfermeiras teve um sentido especial, registrados em cartas, diários, depoimentos, e anotações pessoais.
Conquistas atuais do Hospital Samaritano Higienópolis
O Hospital Samaritano Higienópolis, do Americas Serviços Médicos, foi reacreditado em 2019 pela quinta vez pela Joint Commission International (JCI) desde sua primeira certificação em 2004, uma das primeiras do Brasil. O selo assegura e promove o desempenho diário em todo o ciclo do cuidado, elevando os padrões de excelência hospitalares em quesitos como, por exemplo, a assistência, segurança, controle de infecções, ambiente e canais de informação. Em outubro, conquistou também o primeiro e único certificado do mundo de distinção da Joint Commission International por Transplante de Rim Pediátrico.
O ranking da revista America Economia Intelligence 2019 elegeu os melhores hospitais da América Latina e o Samaritano Higienópolis foi classificado como o segundo melhor do Brasil (7ª posição).