Brasil lidera ranking em reprodução assistida
O Brasil lidera o ranking latino-americano dos países que mais realizaram fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial e transferência de embriões – 83 mil bebês brasileiros nasceram, em 25 anos, por meio de tratamentos de reprodução assistida. A Argentina figura em segundo lugar, com 39.366 nascidos e, na sequência, com 31.903, o México.
Os dados foram divulgados em 2019 pela Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA), segundo a qual a explicação para esse protagonismo é que o Brasil, além de ser o mais populoso da região, detém mais centros de reprodução assistida, quase 40% do total.
De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Hitomi Nakagawa, o fato de muitos dos associados da SBRA pertencerem aos centros que fornecem dados para as estatísticas da REDLARA, respeitadas mundialmente, bem como a sólida parceria de publicação científica entre as duas entidades por meio do JBRA Assisted Reproduction, insere o Brasil como uma referência internacional em reprodução assistida.
“É muito gratificante poder contar com tantas publicações de qualidade e que refletem a evolução das pesquisas na área da reprodução assistida. Toda essa árdua conquista reflete um trabalho prestimoso dos autores, editores, revisores e demais pessoas envolvidas com tanta dedicação na produção do JBRA”, afirma.
De acordo com o levantamento, a fertilização in vitro e a inseminação artificial correspondem a mais da metade (53%) dos procedimentos realizados pelos pacientes, enquanto a transferência de embriões congelados corresponde a 32%, o que aumenta a taxa de gestação cumulativa por ciclo de tratamento. Vários fatores podem interferir no êxito do tratamento, entre eles a idade da mulher, relacionada diretamente à quantidade e à qualidade de óvulos obtidos.
A pesquisa mostra ainda uma mudança no perfil dos pacientes. No ano 2000, mulheres com idade abaixo de 34 anos eram responsáveis por realizar metade dos tratamentos. Em 2016, o percentual caiu para 28%. Nesse mesmo período, a demanda pelo tratamento duplicou entre as mulheres acima de 40 anos. O percentual, que era de 14,9%, atingiu, em 2016, 31%.
“Hoje, é cada vez mais frequente a realização de fertilização in vitro em mulheres mais maduras. É uma nova tendência entre aquelas que querem evitar obstáculos à sua permanência no mercado de trabalho: postergar esses tratamentos, deixando para engravidar mais tarde. Isso é uma realidade mundial, não só na América Latina”, destaca o ginecologista Adelino Amaral, integrante da diretoria da REDLARA e ex-presidente da SBRA.
A SBRA busca conscientizar homens e mulheres sobre a relação entre fertilidade e idade, além da importância de otimizar a concepção natural. Por isso, os cuidados devem ser ainda maiores depois dos 35 anos. Além do declínio da fertilidade, a gravidez tardia leva ao aumento do risco das síndromes cromossômicas, ou seja, a saúde do bebê pode ser afetada.