Bioética como eixo central das decisões nas instituições de saúde

Por Camila Cortez

Vivemos um momento decisivo que evidencia uma transformação profunda no modo como decisões na área da saúde vêm sendo tomadas, e projetadas. Com ela, a bioética, antes vista quase exclusivamente como campo acadêmico ou de comitês internos, ganha status de ferramenta essencial no cotidiano de instituições de saúde, conselhos, tribunais e gestores. Em 2026, tudo indica que essa tendência se consolidará.

Cada vez mais, a velocidade dos avanços biomédicos, a judicialização crescente da medicina, a emergência de novas tecnologias e a pressão por resultados demandam um eixo ético robusto. Leis, regulamentos ou protocolos não são suficientes para abarcar a complexidade dos dilemas clínicos, institucionais e sociais. Nesse contexto, a bioética se apresenta como a bússola indispensável para decisões que envolvem vida, dignidade, justiça e responsabilidade.

As instituições de saúde — sejam públicas ou privadas — precisam reconhecer que a bioética não é mais um diferencial, mas um pilar estruturante. Em 2026, vai ser cada vez mais comum que auditorias, protocolos de governança, comitês internos e decisões clínicas considerem — além da técnica — a pertinência ética de cada ação. A omissão ética deixará de ser uma falha apenas moral: será juridicamente questionável e operacionalmente inviável.

Por exemplo, a bioética fornece a capacidade necessária para interpretar e complementar normas quando estas não contemplam todas as nuances da prática médica: autonomia fragilizada, vulnerabilidades sociais, desigualdades regionais, consentimento informado, conflito de interesses, decisões, uso de novas tecnologias, riscos e benefícios. Além disso, ao orientar a governança institucional, a bioética ajuda a prevenir litígios, a estruturar processos decisórios transparentes e a garantir que o cuidado à saúde seja exercido com dignidade e justiça.

Também, a bioética também fortalece a confiança da sociedade no sistema de saúde. Quando as instituições assumem uma postura ética, reconhecem a complexidade dos dilemas e adotam práticas transparentes, elas não apenas protegem os pacientes, mas os protegem. O profissional de saúde, o gestor, o jurídico, todos ganham amparo para agir de forma consciente e responsável.

2026 caminha para ser o ano da consolidação dessa mudança. A bioética tende a ser incorporada na rotina: nas políticas internas, nos códigos de conduta, nas decisões clínicas, nos comitês de ética, nos contratos, nas auditorias e, sobretudo, na cultura das organizações. Não mais uma reflexão isolada, mas uma diretriz estrutural.

Se quisermos construir instituições de saúde verdadeiramente seguras, justas e humanas — que respeitem a dignidade do paciente e protejam o profissional —, não há outro caminho: a bioética precisa deixar os limites do gabinete e invadir o centro da gestão, da tomada de decisão e do cuidado.


*Camila Cortez é advogada, consultora, palestrante especializada em Bioética, Direito Médico e Healthcare Compliance, fundadora da KCortez Consultoria, Diretora e Professora do Instituto BIOMEDS.

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