Pesquisa mostra que ressonância pode predizer o risco de metástase
A ressonância magnética após a radioterapia pode predizer o risco de metástase em pacientes com câncer de reto antes mesmo do resultado da cirurgia. A descoberta é resultado de uma pesquisa conduzida no Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (INRAD HCFMUSP), liderada pela médica radiologista Cinthia Ortega, coordenadora médica do Grupo de Imagem Gastrointestinal do instituto. O estudo foi publicado na revista European Radiology, publicação de alto fator de impacto e que é a principal publicação da Sociedade Europeia de Radiologia.
A pesquisa utilizou dados de pacientes com câncer de reto provenientes do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Os sujeitos tiveram tanto dados clínicos quanto imagens de ressonância analisados e relacionados a desfechos após longo tempo de seguimento, o que permitiu aos investigadores observar como características da ressonância podem antecipar o comportamento futuro da doença.

“A ressonância, além de mostrar o estadiamento (estágio atual) do tumor, mostrou-se capaz de prever se o paciente tem maior ou menor risco de desenvolver metástases no futuro. É uma informação que transforma o exame de imagem em um biomarcador prognóstico e pode mudar a forma como decidimos o tratamento”, explica Cinthia.
O achado representa um avanço importante rumo à oncologia de precisão, em que decisões terapêuticas são cada vez mais personalizadas. Saber antecipadamente o risco de metástase pode evitar tratamentos agressivos em pacientes de baixo risco e, ao mesmo tempo, indicar a intensificação da quimioterapia naqueles com maior probabilidade de recorrência.
“Os resultados não apenas demonstram o potencial da imagem como ferramenta de predição, mas também levantam novas hipóteses para futuros protocolos de pesquisa. É um passo importante rumo a uma medicina mais personalizada”, complementa a pesquisadora.
O estudo teve origem em um protocolo clínico multidisciplinar que contou com a colaboração das disciplinas de Oncologia, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Radioterapia e Radiologia, previamente apresentado no ESMO Congress 2020 (European Society for Medical Oncology) e reforça a posição do INRAD HCFMUSP como liderança em pesquisa.
